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Lula no Brasil, Park na Coreia do Sul e Zuma na África do Sul: o dia que marca a derrocada de 3 ex-líderes mundiais

07 Abril, 2018
Lula no Brasil, Park na Coreia do Sul e Zuma na África do Sul: o dia que marca a derrocada de 3 ex-líderes mundiais

Esta sexta-feira é um dia-chave, e histórico, não só para o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, mas também para outros dois ex-líderes mundiais, todos eles acusados de corrupção.

No mesmo dia em que vence o prazo para o petista se apresentar à Polícia Federal em Curitiba para ser preso, a Coreia do Sul condenou a ex-presidente Park Geun-hye e a África do Sul levou a um tribunal Jacob Zuma, que até fevereiro governava o país.

Os três negam as acusações que pesam contra eles e afirmam que são vítimas de perseguição política.

Ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye é condenada a 24 anos de prisão por corrupção

A ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye foi condenada nesta sexta-feira (6) por um tribunal de Seul a 24 anos de prisão pelo seu envolvimento no caso de corrupção da "Rasputina", que culminou com sua cassação em janeiro de 2017.

A sentença, que foi transmitida ao vivo pela TV, considerou comprovado que a ex-presidente conservadora e sua amiga Choi Soon-sil, conhecida como a "Rasputina", criaram um esquema para extorquir dinheiro de grandes empresas, como Samsung, Hyundai e Lotte.

Park, de 66 anos, foi considerada culpada por 16 das 18 acusações de abuso de poder, suborno e coerção, e ainda foi multada em US$ 17 milhões. A defesa deve apelar.
"A presidente abusou do poder que foi dado a ela pelos cidadãos", afirmou o juiz, que ressaltou ainda que sua sentença era necessária para se mandar uma mensagem para os próximos governantes do país. A procuradoria havia pedido 30 anos de prisão, de acordo com a CNN.

Park não ouviu do tribunal a leitura da sentença. A ex-presidente e seus advogados se recusaram a participar depois que a corte decidiu que a transmissão seria ao vivo - foi a primeira vez que isso aconteceu após uma lei aprovada no ano passado permitindo esse tipo de divulgação.

Tráfico de influência

A queda em desgraça da ex-presidente começou em meados de 2016, quando foi revelado que sua melhor amiga, Choi Soon-sil, que nunca ocupou nenhum cargo oficial, aproveitou sua influência para obter milhões de dólares de grandes empresas sul-coreanas.

O escândalo levou a Assembleia Nacional a destituir a presidente em dezembro daquele ano, o que acabou com a imunidade de Park e abriu caminho para uma investigação.

Depois que o Tribunal Constitucional confirmou o impeachment em 10 de março de 2017, a Procuradoria interrogou a ex-presidente e solicitou sua prisão, porque considerava Park uma cúmplice de Choi. A ex-presidente nega todas as acusações e afirma que Choi traiu sua confiança.

Acusações desarquivadas na África do Sul

Na África do Sul, ex-presidente Jacob Zuma, que renunciou ao cargo em fevereiro deste ano, compareceu no Supremo Tribunal de Durban na manhã desta sexta-feira para responder a acusações de corrupção contra ele – momento que vem sendo classificado como "extremamente simbólico" para a jovem democracia do país.

Ele está sendo processado por suspeitas envolvendo um contrato para aquisição de armas firmado nos anos 1990, quando era vice-presidente.

Zuma, de 75 anos, apareceu por 15 minutos na corte. Depois disso, a análise do caso foi adiada para o dia 8 de junho.

Em 2009, o Supremo Tribunal da África do Sul chegou a derrubar 783 acusações de corrupção contra ele, o que lhe permitiu concorrer à Presidência naquele ano.

Mas, no final do ano passado, mais alta corte sul-africana decidiu revisar as centenas de acusações que pesavam contra o então presidente.

Pressionado, Zuma renunciou ao cargo e agora enfrenta pelo menos 16 processos por corrupção, extorsão, fraude e lavagem de dinheiro.

Ele nega todas as acusações e diz não ter havido nenhuma irregularidade nos contratos firmados por ele.

"Eu nunca vi antes alguém ser acusado de um crime, essas acusações serem retiradas e anos depois as mesmas acusações serem recolocadas. Isso se trata meramente de uma conspiração política", afirmou após deixar a corte.

Prisão para Lula

No Brasil, Lula ainda tenta, por meio de recursos judiciais, adiar o dia em que vai começar a cumprir a pena de 12 anos e um mês a que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso conhecido como "Tríplex do Guarujá".

Mas o juiz Sergio Moro deu 24 horas para que o ex-presidente se apresente à sede da PF em Curitiba: o prazo vence às 17h dessa sexta. Muitos aliados do petista, contudo, pedem para que o ex-presidente resista e não se apresente para cumprir a pena.

Quando iniciar o cumprimento da pena, Lula vai ficar em uma sala de 15 metros quadrados com banheiro e que foi adaptada para recebê-lo no quarto andar da Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense.

A sala é um dormitório que hospedava profissionais da PF de outras regiões que estavam de passagem pela regional de Curitiba, diz uma fonte da PF que não quis se identificar. As camas beliche foram retiradas para dar lugar a uma cama e uma mesa.

O espaço de 3 metros por 5 metros fica distante da carceragem da PF em Curitiba, onde estão presos outros réus da Lava Jato. BBC Brasil

Last modified on Segunda, 23 Julho 2018 16:43
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