×

Aviso

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 800

As ambições de Joseph Kabila põem o RD do Congo em perigo

Post by: 11 Junho, 2017

Joseph Kabila, cujo mandato expirou há cinco meses, se recusa a deixar o poder, aprofundando ainda mais a guerra civil na República Democrática do Congo

“Vamos expulsar o presidente do palácio”, gritava uma voz no alto-falante, enquanto os manifestantes reunidos na sede do principal partido de oposição da República Democrática do Congo respondiam sim. Do lado de fora, um grande número de policiais aguardava o desenrolar dos acontecimentos. Mas nada aconteceu. Ninguém queria arriscar mais um ato de violência como o de setembro passado, quando a polícia matou centenas de pessoas. Mas a situação econômica é péssima, a guerra civil está devastando o interior do país, e a revolta contra o presidente do Congo, Joseph Kabila, cujo mandato expirou há cinco meses, aumenta.

Kabila governa o Congo há 17 anos, após suceder o pai, assassinado por um guarda-costas. Os últimos meses foram terríveis. O Congo depende da exportação do cobre, do cobalto e de diamantes. Quase todos os produtos manufaturados são importados. Apesar do rio que atravessa o país e das chuvas abundantes, devido à infraestrutura precária quase todos os alimentos são importados.

O preço do cobre no mercado mundial reduziu-se à metade entre 2011 e 2016. O preço do cobalto ainda não se recuperou da crise financeira de 2008. E o aumento pequeno dessas commodities este ano não impediu que o franco congolês tivesse uma desvalorização de 50% desde novembro.

Em agosto, em circunstâncias obscuras, o chefe tribal e líder da milícia da província de Kasaï, apelidado de Kamuina Nsapu (“Formiga Negra”), foi assassinado por forças de segurança depois de protestos contra a recusa do governo de nomeá-lo “chefe” de sua área. Sua milícia também intitulada Kamuina Nsapu revidou a agressão e a violência se espalhou. Segundo estimativas, de 500 a 3 mil pessoas morreram nos confrontos. De acordo com a ONU, mais de 1,2 milhão de congoleses tiveram de abandonar suas casas.

Kasaï é o principal reduto de oposição ao governo de Kabila e é a província natal do veterano líder oposicionista, Étienne Tshisekedi. Tshisekedi morreu em fevereiro, mas o filho Félix assumiu a liderança de seu partido. Nos termos de um acordo concluído entre o governo e a oposição em 31 de dezembro, as autoridades têm um prazo de um ano para realizar novas eleições, com o compromisso de Kabila de não concorrer à reeleição.

Há 20 anos, o ditador Mobutu Sese Seko, que governou o país de 1965 a 1997, foi derrubado por rebeldes apoiados por tropas da Ruanda, e substituído pelo pai de Kabila. Pouco depois, o Congo mergulhou em uma terrível guerra civil. Os próximos meses mostrarão se o país tem condições de fazer uma transição pacífica de poder ou se o caos irá mais uma vez dominar a cena política.

- --