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Policia Nacional diz que respeita a lei sobre repatriamento de imigrantes ilegais

Post by: 05 Novembro, 2018
Policia Nacional diz que respeita a lei sobre repatriamento de imigrantes ilegais

A polícia Nacional negou hoje a existência de maus tratos de cidadãos estrangeiros que estão a ser expulsos de Angola e reiterou as palavras do chefe da diplomacia de Angola, que garantiu tratar-se de uma operação legítima.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do Gabinete de Informação e Comunicação Institucional da Polícia Nacional de Angola, comissário Orlando Bernardo, escusou-se, porém, a adiantar quaisquer pormenores, remetendo para as declarações de Manuel Augusto, proferidas a 02 deste mês em Maputo, quaisquer outros esclarecimentos.

"As palavras do ministro das Relações Exteriores proferidas em Maputo dão todos os esclarecimentos", referiu Orlando Bernardo.

Em causa estão várias queixas e denúncias de alegados maus tratos a cidadãos estrangeiros, sobretudo da Guiné-Bissau, Guiné-Conacri e Mali, reportadas nas redes sociais e replicadas por alguns órgãos de comunicação social daqueles três países, que dão conta de "situações humilhantes" na operação de repatriamento de cidadãos que estão ilegais em Angola.

A 02 deste mês, em Maputo, o ministro das Relações Exteriores de Angola disse que a "Operação Transparência", que combate o garimpo ilegal em sete províncias, entretanto estendidas a outras quatro, não é dirigida a qualquer cidadão de algum país, mas tem como objetivo travar a exploração indevida de diamantes, afastando, porém, a questão da imigração ilegal.

"O Governo angolano tem consciência do que está a fazer. Esta operação visa atacar os fundamentos do garimpo. Não estamos contra nenhuma nacionalidade, nem contra a imigração ilegal", declarou Manuel Domingos Augusto, falando à imprensa no final de um encontro com o seu homólogo moçambicano, José Pacheco.

Em causa está a "Operação Transparência", iniciada a 25 de setembro e que decorre em sete das 18 províncias do país - Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Bié, Malanje, Cuando Cubango e Uíje, entretanto estendidas a mais quatro (Luanda, Bengo Cuanza Norte e Zaire) e que visa combater a exploração indevida de diamantes, bem como a imigração ilegal.

Segundo os dados oficiais de Luanda, a operação já permitiu o "repatriamento voluntário" de mais de 400 mil estrangeiros, maioritariamente oriundos da República Democrática do Congo (RDCongo), a apreensão de mais de um milhão de dólares, 17.000 quilates de diamantes e 51 armas de fogo e o encerramento de centenas de casas de compra e venda de diamantes e de 91 cooperativas.

De acordo com o chefe da diplomacia angolana, ainda nas declarações feitas em Maputo, a exploração indevida de diamantes na região está a ser protagonizada por redes de crime organizado, que estão a transformar a zona num "Estado autónomo".

"Temos regiões onde a população é toda constituída por imigrantes e foi montada uma estrutura, com chefia e guarda armada. É um problema sério de segurança nacional", observou o governante angolano, acrescentando que o problema mais grave é a destruição ambiental provocada pela ação dos garimpeiros ilegais.

A 01 deste mês, o Conselho Norueguês para os Refugiados alertou para os "graves problemas" que se vivem na província do Kasai (sul da República Democrática do Congo) depois da expulsão de cerca de 360.000 cidadãos, o que tem agravado a crise humanitária na região.

Num comunicado enviado à agência Lusa, o CNR referiu que o fluxo de cidadãos da RDCongo, além de estar a agravar a "já de si problemática crise humanitária" na região, pode "alimentar novos conflitos"

No entanto, Manuel Domingos, ainda em Maputo, desdramatizou a situação.

"As organizações não-governamentais, que estão sempre à espera de desgraças em África para poder ganhar dinheiro, começam a criar a imagem de que há uma crise humanitária. Já se começa a dizer que são necessários milhões para atender crianças que estão a ser deportadas massivamente. Mas o Governo angolano sabe o que está a fazer", frisou Manuel Augusto, garantindo que a operação policial vai continuar até que se tire do país "o último garimpeiro ilegal".

Last modified on Segunda, 05 Novembro 2018 14:53
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