No ar pairava a expectativa antes do duelo com o Mali. O grito dos mais de 12 mil adeptos na Arena do Kilamba estava preso na garganta há 12 anos.
A nova geração queria inscrever 2025 na mesma lista dos elencos que conduziram o combinado nacional ao troféu, em 1989, 1999 e 2007, na qualidade de anfitrião.
A exigência para um gigante não é igual para nenhum outro. Sempre que Angola organizou o Afrobasket ganhou, outro desfecho que não fosse a vitória não seria aceitável.
Os homens da casa sabiam-no, e fizeram questão de demonstrá-lo na quadra desde o início com a defesa asfixiante característica que lhes permitiu registar um percurso 100% triunfal na competição.
O combinado nacional forçou oito perdas de bola no primeiro quarto, e teve metade dos turnovers para ficar com um parcial favorável de 14-10.
No segundo período ampliou o marcador para 32-20, mas tinha pela frente o terceiro onde não tinha até então logrado um desempenho convincente.
Antes do terceiro quarto, Bruno Fernando gritou para os colegas de equipa: 20 minutos! 20 minutos! assinalando o tempo que restava para manter a concentração e o foco para a glória.
Os atletas angolanos guardaram o melhor para o fim e partiram na dianteira para o derradeiro quarto, com 51-31, a dar espectáculo.
No último período foi só gerir o relógio e desferir os golpes certeiros para que o adversário não se levantasse mais e foi isso que aconteceu.
O Cometa Childe, que só parou no prémio de jogador mais valioso do Afrobasket 2025, terminou o duelo com 16 pontos, quatro ressaltos, cinco assistências e três roubos de bola.
Na lista de contributos para o triunfo juntam-se Selton Miguel (12 pontos), o atleta do Sport Lisboa e Benfica, Eduardo Francisco (nove pontos, três ressaltos e um roubo de bola), Milton Valente (com oito pontos e cinco roubos de bola), Bruno Fernando (cinco pontos e cinco ressaltos e dois abafos), Macachi Braz (dois pontos, seis ressaltos e dois roubos de bola), Kevin Kokila (cinco pontos e cinco ressaltos).
Além de Sílvio Sousa, que saiu lesionado na zona da virilha, com quatro pontos e sete ressaltos, o também atleta do Sport Lisboa e Benfica, João Fernandes com três ressaltos, Gerson Lukeny com dois pontos e dois ressaltos e Aboubakar Gakou com sete pontos e três ressaltos.
Do lado do Mali, o talentoso Siriman Kanouté fez 14 pontos, ganhou oito ressaltos, produziu quatro assistências, tendo sido o elemento mais difícil de travar para os agora dodecacampeões.
Por sua vez, Aliou Diarra com 11 pontos e cinco ressaltos e quatro roubos de bola e Mamodou Diarra com oito pontos e quatro ressaltos fizeram a sua parte para procurarem remar contra maré.
Contudo, não era dia de águias voarem, era dia de Gigantes Continentais acordarem do sono e regressarem ao máximo trono do Afrobasket.
Em termos gerais, o domínio nas tabelas com 54 ressaltos, 24 dos quais ofensivos e 30 defensivos, face aos 36 do Mali, bem como as 24 perdas de bola malianas e 22 pontos resultantes disso para Angola foram prejudiciais para as aspirações da turma às ordens de Alhadji Dicko.
Por outro lado, os 23 pontos à segunda tentativa em relação aos cinco do oponente, 32 pontos no garrafão face aos 20 do adversário, os 30 pontos do banco face aos 11 dos suplentes do país de Salif Keita sentenciaram a partida para a nova geração.