Segundo o secretário de Estado do Planeamento angolano, Milton Reis, Angola apesar de ser um exportador líquido das “commodities” energéticas “não está imune aos efeitos deste conflito”.
“Os impactos da crise atual já se fazem sentir no aumento dos preços dos bens alimentares e dos combustíveis refinados que implicam maior nível de subvenção por parte do Estado”, afirmou hoje o governante, em Luanda.
“Outro indicador onde Angola poderá sentir o impacto é no aumento das taxas de juro no mercado internacional com impacto direto no custo do financiamento e do serviço da dívida”, apontou Milton Reis.
O secretário de Estado angolano, que discursava na abertura da cerimónia de apresentação do Relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África Subsaariana do FMI, assegurou que as autoridades tomaram “medidas urgentes”, a curso e médio prazo, para mitigar os efeitos da crise.
No curto prazo, “destacamos a implementação da Reserva Estratégica Alimentar (REA), como um instrumento de política económica para reduzir os preços dos bens essenciais de alto consumo das populações e reduzir a inflação”, apontou.
Os dados mais recentes indicam que a inflação no final do ano de 2022 poderá ficar na casa dos 15%, realçou.
A implementação dos planos nacionais de Fomento da Produção de Grãos (Planagrão), de Fomento e Desenvolvimento da Pecuária e de Fomento das Pescas (Planapescas) constam das ações a serem implementadas à média prazo para o aumento da produção interna.
Os três planos deverão aumentar, no decurso do próximo quinquénio, a produção de cereais, fomento na pecuária, das pescas e da aquicultura.
O Planagrão terá como foco a produção de cereais, fomento na pecuária, das pescas e da aquicultura e o Planapescas o fomento da atividade pesqueira empresarial e aumentar a produção e transformação de pescado e sal “para garantir a segurança alimentar”.
Na sua intervenção, no encontro realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Nacional de Angola (BNA), Milton Reis fez saber também que já está em elaboração o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027.
O PDN 2023-2027, explicou, estará centrado em três áreas prioritárias, nomeadamente o capital humano, a expansão das infraestruturas e a diversificação da economia.
Em relação ao capital humano a “ênfase será nas áreas da educação, saúde, emprego, empreendedorismo e formação profissional, as infraestruturas terão como foco na mobilidade, transporte, logística, habitação, energia e águas”, salientou.
E o terceiro foco é a diversificação da economia com ênfase na “melhoria do ambiente de negócios, na agricultura, na pecuária, nas pescas, no turismo e também na indústria transformadora”.
Um crescimento real médio do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 3,6 para o período 2013-20227 são as previsões do Governo angolano, “com o setor não petrolífero a crescer em média 4,6%”
“Sendo por isso a grande locomotiva para o crescimento económico dos próximos cinco anos”, argumentou.
O desempenho do setor petrolífero, “o que se perspetiva, deverá ser assegurado pelos setores da agricultura, da pecuária e silvicultura, das pescas, da indústria, do comércio, do turismo e também dos serviços que deram crescer em média acima dos 5% ao ano”.
Quanto ao relatório do FMI, o secretário de Estado angolano referiu que o conjunto de países da África Subsaariana tem um “potencial invejável” nos setores da pecuária, da indústria, pescas, agricultura e também no turismo “e, em muitos casos, ainda por explorar o que deve alvo da nossa atenção para transformar esse potencial em riqueza real”.
“Estamos também convictos que a implementação da zona económica africana de livre comércio venha reduzir a dependência de mercados fora da região (…)”, frisou.
“As perspetivas de curto prazo são extremamente incertas pois o desempenho das economias africanas está ligado ao comportamento da economia global”, disse Milton Reis.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana depois da Nigéria.