Print this page

Comissão do Mercado de Capitais traça estratégia para as privatizações de empresas públicas

01 February, 2018
Comissão do Mercado de Capitais traça estratégia para as privatizações de empresas públicas

O processo de privatizações de empresas públicas por via da Bolsa da Dívida e Valores de Angola (BODIVA), emanada pelo Plano Intercalar do Governo e o Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM), é analisado desde ontem até amanhã, em Luanda, no VI  Encontro Anual de Quadros da Comissão do Mercado de Capitais (CMC).

Os participantes discutem, à porta fechada, o papel  dos agentes de supervisão no processo de privatizações e projectam as metas para o ano em curso, dominadas pela  dinamização do mercado de capitais impulsionada pela alienação do capital das empresas públicas.

Uma  das empresas  públicas em vista é  a  Angola Telecom, que neste momento está a ser  avaliada em aspectos como as condições financeiras da companhia e outros activos, um procedimento necessário para um processo como esse.

O presidente  do conselho de administração da CMC, Mário Gavião, considerou  recentemente, citado pela Angop, que uma das vantagens da privatização por via da bolsa de valores, é a de proporcionar uma ampla dispersão do capital pelo acesso a um número amplo de investidores, o que permitirá um mais elevado acompanhamento do sucesso e expansão da empresa alvo e dos ganhos resultantes deste processo.

A dispersão bolsista resul­ta na melhor forma de descobrir o preço das acções da empresa alienada, permitir elevar a notação de risco e a posição no “ranking” de ambiente de negócios, proporcionada pelos ganhos de transparência.

Decisão do Governo

Uma fonte oficial declarou recentemente ao Jornal de Angola a decisão do Executivo de introduzir  um programa de privatizações impulsionado pelo mercado de capitais. “Há vontade política de avançar com o mercado de capitais”, afirmou, apontando a criação de uma comissão multi-sectorial para lidar com o processo, na qual têm assento representantes da CMC, o organismo regulador, e da BODIVA.  

A primeira dessas experiências ocorre já com a privatização da Angola Telecom, anunciada para os primeiros três meses, numa operação em que a passagem de mãos do capital da companhia pública de telecomunicações ocorre, parcialmente, por dispersão bolsista. A decisão do Governo, disse, é a de autorizar uma dispersão bolsista parcial do capital das empresas a privatizar e da elevação dos padrões daquelas que se afigurarem menos apetecíveis para os investidores.

A privatização de empresas públicas que não sejam lucrativas e representem um “peso morto para o Estado” foi assumida como uma das prioridades de governação pelo Presidente da República, João Lourenço, com o chefe de Estado a admitir que essas empresas, a alienar pelo Estado, serão estudadas “caso a caso”.

Dados disponíveis indicam que no presente ano, estaria a concluir um programa de privatização de mais de 30 empresas públicas caso as autoridades tivessem sido persistentes na aplicação da medida decidida em 2013 e depois revelada à agência Bloomberg pelo ministro da Economia de 2010 a 2017, Abraão Gourgel.

Em 2013, quando a segunda fase do processo de privatizações deveria arrancar, o Governo vinha de um período de alienação que levou algo mais que uma década e que permitiu vender a privados 198 empresas estatais.

O antigo ministro apontou empresas como a Bricomil, uma empresa de construção, na lista das privatizações, mas declarou que o Estado deve-rá manter-se no capital das em­presas do sector mineiro, devido à necessidade de apoio público para projectos de larga escala. JA

Share:
- --