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Graça Campos: Por quem chora a Isabel?

Post by: 08 Dezembro, 2017

A internauta compulsiva em que Isabel dos Santos se tornou depois que foi escorraçada da Sonangol acaba de debitar um texto com fortes laivos racistas.

No que designou de Carta Aberta, a filha daquele que era suposto ser presidente de todos os angolanos, diz o seguinte:     

“Amigo, nesta quadra festiva...não podia deixar de partilhar consigo a situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias na Sonangol. Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para Sonangol durante a vigência do último CA estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa.

Estão também a ser conduzidos interrogatórios a porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado, e um falso inquérito do Ministério do Interior, e intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões.

Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou polícias podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores.

Todas estas pessoas que estão a ser despedidas, e mandadas para casa, muitas recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no País, e queriam ajudar Angola a crescer.

Estes trabalhadores têm filhos e lares, e nesta época de crise, a rescisão unilateral dos contratos não é correcta.

Muito triste!”.

Muito triste é Isabel dos Santos perder subitamente a memória do que acabou de fazer na Sonangol.

Como se sabe, mal desembarcou na Sonangol, Isabel dos Santos entregou-se de corpo e alma a duas tarefas que definiu como prioritárias: cobrir de infâmias e calúnias todos os seus antecessores e despedir alguns dos mais valiosos quadros da empresa.

De Manuel Vicente e Francisco de Lemos disseminou a imagem de gatunos e incompetentes.

Depois de conspurcar a imagem alheia, sem que, estranhamente, isso lhe tivesse custado um processo judicial, Isabel dos Santos entregou-se à defenestração de quadros com provas dadas.

Para preparar a sua própria autonomeação para a presidência da Comissão Executiva da Sonangol Pesquisa & Produção, Isabel dos Santos cobriu Carlos Saturnino, que então liderava a empresa, de graves suspeitas de desvio de dinheiro e má gestão.

Num comunicado, Isabel dos Santos argumentava que a demissão de Carlos Saturnino estaria “alinhada com a postura do novo CA da Petrolífera de ser consequente com os princípios de rigor e transparência que baseiam a sua gestão”.

O comunicado acrescentava que a “Sonangol P&P é a empresa do grupo Sonangol que durante a avaliação efectuada apresentou as maiores debilidades de gestão e consequentemente de desvios financeiros”.

Com Carlos Saturnino foram também afastados os vogais Carlos Alberto Figueiredo, Walter Costa Manuel do Nascimento, Guilherme de Aguiar Ventura e Ricardo Jorge Pereira A. Van-Deste.

“Saneada” a P&P, Isabel dos Santos partiu para a Sonangol Distribuidora. Filomena Rosa, a angolana que presidia a Comissão Executiva daquela subsidiária, foi afastada sob a alegação de que ela já teria idade avançada. Mesma sorte teve o vogal Jaime Campos.

Filomena Rosa foi substituída por Paulo Moura, um português mais adiantado na idade e quadro da lusa Galp Energia.

Depois da limpeza de balneário na P&P, em cuja Comissão Executiva enfiou também o luso-indiano Sarju Raikundalia, e na Distribuidora, Isabel dos Santos entregou-se, então, a uma decidida portugalização da Sonangol-mãe. Sob a batuta de Mário Leite, o seu braço direito em quase todos os negócios, a então presidente do Conselho de Administração da Sonangol com funções não executivas escancarou as portas da empresa a todos os portugueses que quisesse trocar Lisboa por Luanda. Pela mão de Isabel, entraram na Sonangol jovens lusos acabados de sair de universidades e outros que nunca tiveram nenhuma experiência profissional. Num ápice, a Sonangol tornou-se na mais lusitana empresa angolana. Pelouros estratégicos como os Jurídico, que negoceia os contratos, e das Finanças foram confiados a cidadãos estrangeiros. Informações classificadas passaram a ser reservas de lusos como o já referido Sarju e Suzana Barros da Costa, que em Portugal deixou a fama de “gamar” papéis comprometedores. Ou seja, o “fillet-migon e o caviar da Sonangol foram servidos exclusivamente em pratos de portugueses.

Nomeado a 15 de Novembro para a presidência do Conselho de Administração da Sonangol, Carlos Saturnino iniciou, de mediato, um processo de reversão do quadro, reencaminhando a empresa naquele que é um velho desígnio das autoridades deste país: a angolanização do petróleo.

Sob a batuta de Carlos Saturnino, angolanos que haviam sido afastados ou colocados em posições subalternas voltam a emergir. Inversamente, o novo PCA da Sonangol está a rever a situação de cada um das muitas dezenas de cidadãos lusos que Isabel dos Santos acolheu na empresa.

E por esses portugueses, seus amigos e cúmplices, que Isabel dos Santos agora derrama lágrimas – de crocodilo, certamente, porque “aquilo aí” tem coração de pedra.

“Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para Sonangol durante a vigência do último CA estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, lamenta ela.

E onde estiveram essas lágrimas quando mandou injustificadamente para casa Carlos Saturnino e todo o seu elenco na P&P ou Filomena Rosa e sua equipa na Sonangol Distribuidora?

O texto da filha do ex-Presidente da República não dá lugar à mais leve dúvida: entre angolanos e portugueses a escolha dela é inequívoca.

“Estes trabalhadores têm filhos e lares, e nesta época de crise, a rescisão unilateral dos contratos não é correcta”.

Por ventura, alguma vez constou à Isabel que Carlos Saturnino, Paulino Jerónimo, Filomena Rosa e outros angolanos que ela despediu não “têm filhos e lares”? Ter família e lares é uma exclusividade de portugueses?

Posições como a de Isabel têm uma classificação: racistas!

A aberta e descarada defesa que Isabel dos Santos faz dos portugueses que levou à Sonangol sugere que se o Presidente João Lourenço não a tivesse corrido, o “homo angolensis” corria o risco de extinção na maior empresa pública angolana. CA

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