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Angola com alto risco de fome e discriminação por causa de mudanças climáticas

Post by: 30 Novembro, 2018
Angola com alto risco de fome e discriminação por causa de mudanças climáticas

Angola figura entre os nove países do mundo que apresentam um alto risco de fome e discriminação por parte das instituições em contexto de instabilidade causada pelo clima, revela um estudo da publicação académica Foreign Affairs, hoje divulgado.

O estudo da revista científica norte-americana, que avaliou as crises humanitárias e outros fatores de ameaça provocados em consequência das mudanças climáticas, revela que Angola, conjuntamente com República Democrática do Congo, Uganda, Sudão do Sul e Sudão, países africanos, e Iémen, Paquistão, Birmânia (Myanmar) e Afeganistão, tem uma proporção particularmente grande de meios de subsistência ligada à agricultura.

A análise da revista, que avalia fatores de risco provocados por alterações climáticas que levam à violência, à crise alimentar e à deslocação em larga escala de pessoas, concluiu que "os choques climáticos, como as secas ou as inundações, tendem a perturbar a agricultura" e provocam consequências nos países que dependem da agricultura no nível alto, que podem traduzir-se "em reduções generalizadas do rendimento e em elevados níveis de insegurança alimentar".

A Organização Internacional do Trabalho considera o nível alto de dependência agrícola "se pelo menos 40% de sua população trabalha na agricultura".

Outro critério no nível alto (vermelho) do estudo da Foreign Affairs é a discriminação por parte das instituições, significando que estes países marginalizam certos grupos sociais, o que "aumenta o risco de instabilidade e emergências humanitárias ao tornar os Governos menos recetivos a segmentos de sua população".

"Por exemplo, no caso de uma escassez de alimentos, grupos marginalizados nesses países são menos propensos do que outros a receber ajuda do Governo, aumentando a probabilidade de uma crise humanitária e criando queixas contra o Estado", refere o estudo, que assinalou também o fator de exclusão de certas pessoas do poder, também em questões étnicas.

O terceiro fator de risco elevado que pode "combinar com choques climáticos para produzir crises" refere-se a uma história recente de conflitos.

"O conflito recente é, provavelmente, o melhor indicador de que um país terá mais conflitos no futuro, uma vez que esses países provavelmente ainda terão líderes e grupos que possam aceder a armas e mobilizar pessoas para lutar. Usámos o Programa de Dados de Conflito de Uppsala para identificar os mais de 40 países que registaram conflitos (definidos como um conflito do qual o Estado era parte) nos cinco anos anteriores a 2018", sublinhou o estudo.

Num nível imediatamente abaixo (amarelo), Moçambique tem fatores de risco de recente conflito e de dependência na agricultura, integrando um grupo de 11 países, nove africanos, com idênticas ameaças: Mauritânia, Níger, Chade, camarões, República Centro Africana, Burundi, Etiópia, Somália, Índia e Bangladesh.

Editado pelo Conselho de Relações Externas, um grupo privado fundado em Nova Iorque, em 1921, o estudo debruçou-se sobre o fator de risco severo de falta de água, com Angola e Moçambique no grupo de seis países, todos de África, sem ameaça neste critério.

Chade, República Democrática do Congo, Etiópia, Mali, República Centro Africana, Níger, Sudão, Camarões e Mali apresentam risco severo de falta de água num prazo de 10 a 30 anos.

Last modified on Terça, 04 Dezembro 2018 15:12
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