Em causa está a detenção e julgamento sumário de dez trabalhadores grevistas, condenados, terça-feira, pelo Tribunal Provincial de Luanda, a penas de seis meses de prisão, convertidas em multa.
Em declarações à agência Lusa, Lourenço Contreiras, secretário para a informação da comissão sindical dos trabalhadores, um dos detidos e julgados, garantiu que a greve vai continuar e adiantou que está prevista, para quinta-feira, uma reunião dos trabalhadores.
Neste encontro, segundo avançou Lourenço Contreiras, vai ser elaborado um documento a ser dirigido à empresa, solicitando a indicação de um novo local de concentração para os grevistas.
"Já que a empresa nos proíbe de nos posicionarmos em frente às instalações, que era o local habitual, então vamos mandar um documento a solicitar o espaço indicado por eles, onde a gente vai passar a concentrar-se", disse à Lusa o sindicalista.
Lourenço Contreiras referiu que a comissão sindical continua aberta ao diálogo, manifestando preocupação com o silêncio da parte do Ministério dos Transportes.
"Achamos que era tempo oportuno para aparecer alguém responsável do Ministério dos Transportes e dizer alguma coisa acerca do que estamos a viver", referiu.
Sobre a posição da entidade empregadora, o sindicalista classificou-a como "maquiavélica e reprovável em todos os sentidos e aspetos".
"A qualquer custo o nosso conselho de administração pretendia levantar a greve à força, acharam que esse era o meio mais viável. Porque tudo aquilo que aconteceu foi planeado pela administração", salientou.
Na segunda-feira, na tentativa de retomar dos serviços mínimos, com a circulação de comboios de passageiros suburbanos exigida por lei em períodos de greve, um grupo de trabalhadores grevistas do CFL e a polícia entraram em confronto, o que culminou com o ferimento e detenção de algumas pessoas.
Segundo os trabalhadores, a decisão de retoma dos serviços mínimos, suspensos pela empresa seis dias depois do início da greve a 18 de abril passado por questões de segurança, foi tomada unilateralmente, ao que se opuseram.
Esta é a segunda greve, depois da primeira em janeiro deste ano, que os trabalhadores do CFL protagonizam, depois de apresentarem um caderno reivindicativo de 19 pontos, sendo a principal divergência o aumento salarial em 80%, que a empresa diz não ter capacidade para atender.
Em janeiro, a greve de 14 dias terminou depois de alcançado um acordo entre as partes, que os trabalhadores dizem não estar a ser cumprido, acusando a empresa de ter respondido a apenas um dos 19 pontos reivindicados.
Por sua vez, a empresa garante que já foram cumpridos alguns dos pontos e outros se encontram em preparação para ser cumpridos, à exceção do aumento salarial exigido, condicionado à melhoria financeira do CFL.