“O mais importante é muito diálogo permanente entre o Ministério, as organizações socioprofissionais e sindicatos e, de forma clara, dar o ponto de situação do setor sem tabus e é o que temos estado a fazer”, assegurou.
A governante angolana falou à Lusa à margem da sua participação no Fórum Euro-África, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, que decorreu na segunda e terça-feira em Carcavelos, arredores de Lisboa.
“Havia questões ligadas com os salários que foram ultrapassados nas negociações que nós fizemos e o que nós queremos é ter estas entidades, os sindicatos, as organizações socioprofissionais, como parceiros do Ministério da Saúde e o que nós vamos fazer é continuar o diálogo permanente”, reiterou.
Sílvia Lutucuta considerou que “não há sistemas perfeitos em nenhuma parte do mundo”.
“Nós vamos continuar a trabalhar e acredito que, com diálogo, não teremos momentos difíceis”, declarou, respondendo à questão se os angolanos, e os profissionais de saúde, poderiam esperar um período menos conflituoso que o que aconteceu recentemente.
Nos últimos meses, médicos e enfermeiros angolanos encetaram greves em reivindicação de atualizações salariais, fim dos atrasos no pagamento de vencimentos e uma nova política para o sistema nacional de saúde, um processo que Sílvia Lutucuta disse que já faz parte do passado.
“Houve, de facto, alguns atrasos nos pagamentos. São domínio público. Mas estes atrasos já estão a ser recuperados. Nós queremos é tranquilizar o nosso presidente do sindicato que na realidade os pagamentos estão a ser feitos de forma gradual e priorizando o setor da saúde. Já não se verifica o atraso que havia e a assistência continua a ser dada”, salientou.
A governante respondia às queixas feitas em 07 de julho, em declarações à Lusa, em Luanda, por Adriano Manuel, presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (Sinmea), que acusou o Governo de não financiar os hospitais, o que conduziu ao aumento das mortes hospitalares devido à falta de medicamentos, reagentes e meios de diagnóstico.
De acordo com o médico angolano, muitas instituições hospitalares do país estão com laboratórios a funcionar com reduzida capacidade por falta de reagentes, de meios de exames, até mesmo para fazer um hemograma e exames de bioquímica, situação agravada com a falta de medicamentos.
Para o presidente do Sinmea, a atual “precariedade” do sistema de saúde em Angola resulta dos avultados investimentos que o Governo faz no sistema secundário e terciário, em detrimento da prevenção a nível primário.
Considerou também que os principais desafios do acesso à saúde em Angola continuam a ser os mesmos de há anos, nomeadamente a falta de organização do sistema de saúde. “Enquanto não organizarmos o sistema de saúde vamos continuar a ter graves problemas”, disse.