A Associação dos Doentes Angolanos em Portugal (ADAP) acusa o Governo de Luanda de empurrar os doentes em tratamento em Portugal para a situação de sem-abrigo ao retirar-lhes apoio ou obrigar ao seu regresso, que a maioria recusou.
O sonho de estudar no estrangeiro levou a jovem angolana Maria Pongue ao Brasil, mas foi a sua chegada à presidência de uma incubadora das Nações Unidas que lhe deu ânimo para continuar no país, cujo racismo a marcou.
As remessas dos angolanos a trabalhar em Portugal caíram 12% no ano passado, para 8,2 milhões de euros, enquanto os portugueses em Angola enviaram 245,3 milhões, uma queda de 1,1% sobre 2019, segundo dados do Banco de Portugal.
A ministra da Saúde angolana reiterou hoje que o país tem condições para receber e dar continuidade ao tratamento dos doentes que se encontravam em junta médica em Portugal, sobretudo aqueles com insuficiência renal.
Cerca de 30 doentes angolanos que estavam em Portugal a fazer tratamentos retornaram hoje a Angola, outros 47 voltarão até ao final do ano, mas ficam sem apoio do Governo angolano cerca de 100 que não querem regressar.
Angolanos a fazer tratamentos em Portugal acusam o Governo de Angola de assinar a sentença de morte destes doentes ao ordenar o seu regresso, que interpretam como “morte certa”, e mostram-se disponíveis a tudo para não voltar.
Os doentes angolanos em Portugal escreveram uma carta ao Presidente de Angola a denunciar “altas administrativas e compulsivas” e a alertar para o risco que um regresso forçado representa para a sua saúde e até vida.