Ao falar à Angop, sobre o estado actual da música em Angola, o guitarrista afirmou que os artistas nacionais estão a produzir muitas e boas obras discográficas, mas é necessária abertura de uma fábrica de discos para se elevar a qualidade.
“Precisamos de uma indústria musical como tal, porque registamos muitas dificuldades por falta de apoio financeiro”, ressaltou.
Exemplificou que uma música acústica, na qual intervêm vários instrumentos como guitarras, teclado e precursão, pode orçar em cerca de cinco a dez mil dólares, contando com o pagamento do produtor, músicos e estúdio de gravação.
Segundo Brando Cunha, os cantores do segmento da música acústica, fundamentalmente os veteranos, são os que mais dificuldades encontram no exercício das suas carreiras para gravação de obras fonográficas, porque os custos de gravação são muitos onerosos.
"Quando o país tiver uma fábrica de discos com equipamentos de ponta, a música angolana poderá evoluir ainda mais porque já estamos bem servidos em termos de estúdios de gravação, e, por outro lado, a concorrência será maior e os discos poderão ser vendidos a preços mais baixo, com tiragens que cobririam todo o país", perspectivou.
Salientou que os artistas angolanos recorrem sempre ao estrangeiro para a feitura dos CD, mas para tal é necessário divisas, que estão escassas, daí a razão da redução de lançamentos de discos nos últimos anos no país.
Advogou maior valorização dos músicos da sua geração (anos 1970, 1980 e 1990), cujas carreiras encontram-se estagnadas e não conseguem viver da sua arte.
Outra questão abordada pelo músico tem a ver com a necessidade do surgimento de mais produtoras e promotoras culturais visto que muitas delas desapareceram devido a situação económica que o país atravessa.
"É necessário criar incentivos para que algumas delas retornem ao mercado, assim como aquelas que pretendem enveredar no ramo", expressou.
Considerou desigual o actual momento musical angolano por existir cantores e grupos que actuam regularmente, enquanto outros, principalmente os veteranos, exibem-se esporadicamente o que não abona para as suas carreiras.
Sugeriu ao sector da Cultura estimular o ressurgimento dos centro recreativos e culturais nos municípios e exigi-los a trabalhar com músicos nacionais, para garantir que os artistas, principalmente os da velha geração, não desistam das carreiras e que a música popular angolana não perca as suas principais referências.
Hidebrando de Jesus Cunha, conhecido nas lides artísticas como Brando Cunha, é o actual responsável e guitarra solo do emblemático conjunto os Kiezos.