O boletim Africa Monitor Intelligence (AMI) escreveu que Lourenço, empossado a 26 de Setembro, manifesta em círculos restrictos disponibilidade para reabrir negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) a propósito de um programa de assistência financeira a Angola (“Extended Credit Facility”).
O AMI escreveu ainda que um acordo permitiria, na perspectiva do presidente, beneficiar das ajudas financeira e técnica que um acordo com o FMI poderá trazer, além de melhorar a transparência das finanças públicas do país e, por acréscimo, a reputação externa, abrindo portas à assistência por parte de outros países ocidentais.
Num contexto de contínua degradação da situação económica e financeira, em virtude da continuação dos baixos preços do petróleo nos mercados internacionais, a assistência financeira prestada pela China tem-se revelado essencial, mas a concessão de créditos chineses a Angola tem vindo a abrandar.
As reservas internacionais atingiram mínimos históricos, devido à entrega de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) à banca, pelo que as ajudas do FMI à balança de pagamentos são fundamentais.
Entre as principais medidas esperadas num futuro acordo está a desvalorização do kwanza, não havendo disponibilidade do FMI para apoiar o programa do governo sem uma intervenção no mercado cambial (30% de desvalorização até ao final de 2017 ou no primeiro trimestre de 2018).
Uma equipa ministerial está a preparar um Programa de Acção do Governo, com medidas a executar até final do ano (“primeiros cem dias de governação”), tendo como objectivo de fundo preparar o relançamento económico depois de 2018.
O programa deverá, a curto prazo, impor austeridade o nível do governo, que terá um número de ministros muito inferior ao anterior executivo de José Eduardo dos Santos.
Na sua primeira entrevista desde as eleições de 23 de Agosto, em que o MPLA assegurou uma maioria qualificada, João Lourenço disse à agência espanhola EFE rejeitar a comparação com Mikhail Gorbachov, líder russo que pôs fim ao comunismo soviético, elegendo uma referência chinesa.
“Vamos trabalhar para isso, mas Gorbachov, não, Deng Xiaoping, sim”, disse Lourenço.
Na entrevista, Lourenço elege como objectivos atrair mais investidores estrangeiros a Angola e melhorar o ambiente de negócios, nomeadamente mudando a política de vistos, melhorar a governação e diversificar a base económica, além do petróleo.
As privatizações previstas envolverão “aquelas empresas estatais que são pesos mortos para o país, que não são rentáveis, que estão a custar muito dinheiro aos cofres do Estado”, adiantou.
A Economist Intelligence Unit afirma no seu mais recente relatório sobre Angola que o crescimento económico em Angola irá recuperar ligeiramente entre 2017-21, “devido aos preços internacionais do petróleo e aos aumentos moderados da produção local, agravados por uma desaceleração contínua do crescimento chinês”, principal destino das exportações angolanas. (Macauhub)