Em todo o mês de agosto, os bancos comerciais compraram 1.296 milhões de dólares (1.100 milhões de euros) em divisas, dos quais 1.120 milhões de dólares (950 milhões de euros) foram vendidos pelo BNA.
No entanto, desde as eleições gerais angolanas de 23 de agosto que as vendas semanais de divisas pelo BNA estão em queda, renovando consecutivamente mínimos do ano.
De acordo com cálculos feitos hoje pela Lusa, com base nos relatórios semanais do BNA, em todo o mês de setembro essas vendas caíram abruptamente para cerca de 320 milhões de euros (-65%).
As vendas de divisas pelo BNA são feitas com recurso às Reservas Internacionais Líquidas (RIL) geridas pelo banco central angolano e que renovaram mínimos históricos em agosto, caindo para 15.609 milhões de dólares (13,3 mil milhões de euros), metade do valor contabilizado antes da crise, no início de 2014.
Segundo dados preliminares do BNA, só entre julho e agosto - período de eleições gerais em Angola -, essas reservas caíram mais de 1.800 milhões de dólares (1.534 milhões de euros).
Estas reservas são necessárias nomeadamente para garantir importações de alimentos, maquinaria ou matéria-prima para as indústrias e desde o início do ano já perderam, em valor, desde janeiro, mais de 5.100 milhões de dólares (4.430 milhões de euros).
No início de 2014, antes da crise da cotação do petróleo, as reservas angolanas ascendiam a 31.154 milhões de dólares (26,5 mil milhões de euros).
Angola enfrenta dificuldades financeiras, económicas e cambiais, tendo o BNA aumentado a venda de divisas (euros) à banca comercial angolana, que está sem acesso a dólares face à suspensão das ligações com correspondentes bancários internacionais.
Desde agosto de 2016 que o banco central - que atualmente é o único fornecedor de divisas à banca comercial - tem vindo a aumentar a injeção de moeda estrangeira no mercado cambial primário, a um ritmo de cerca de 1.000 milhões de euros por mês.
A 26 de setembro, no discurso de tomada de posse como novo Presidente da República de Angola, João Lourenço traçou como uma das metas da sua governação o controlo da taxa de inflação, através da aplicação de "regras rígidas" de política cambial e fiscal, com uma "atenção" virada igualmente à banca para garantir a "credibilidade internacional".