O negócio, entre o Ministério das Finanças de Angola e o Banco de Desenvolvimento da África do Sul (DBSA - Development Bank of Southern Africa), foi autorizado por despacho assinado pelo Presidente angolano, de 06 de fevereiro, documento consultado pela Lusa.
Este contrato de financiamento junta-se a outros dois do género, noticiados em janeiro pela Lusa, para o mesmo efeito. O primeiro dos quais envolveu os britânicos do Standard Chartered Bank (SCB), no valor global superior a 220,5 milhões de euros, num financiamento para cobertura do projeto do sistema de transporte de energia associado ao Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca.
O aproveitamento hidroelétrico de Laúca, no rio Kwanza e localizado entre as províncias do Cuanza Norte e Malanje, foi um investimento do Estado angolano de 4,3 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros), tornando-se a maior obra pública do país.
Igualmente com data de 28 de dezembro, foi aprovado um acordo de financiamento a celebrar entre a República de Angola e os britânicos da GEMCORP, neste caso no valor global de 150 milhões de dólares (122,3 milhões de euros), "para a cobertura do défice do projeto do Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca", tal como o investimento agora garantido junto do DBSA.
O Governo angolano anunciou em outubro de 2016 que estava à procura de soluções alternativas de financiamento à suspensão dos fundos de uma linha de crédito do Brasil para obras em Angola - como é o caso da barragem de Laúca - no âmbito da operação contra a corrupção Lava Jato.
Aquela barragem foi inaugurada a 04 de agosto, pelo então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que colocou em funcionamento o primeiro grupo gerador, debitando na rede nacional os primeiros 334 MegaWatts (MW) de eletricidade.
Trata-se de uma obra que arrancou em 2012, a cargo da construtora brasileira Odebrecht, e que em setembro contou com a entrada em funcionamento do segundo grupo gerador, elevando a produção debitada na rede, provisoriamente, a cerca de 500 MW.
Considerada a maior obra de engenharia civil de sempre em Angola, e a segunda maior barragem em África, servirá para abastecer oito milhões de pessoas, chegando em 2018 às províncias do centro do país, como o Huambo e Bié.
Foi encomendada pelo Estado angolano por 4.300 milhões de dólares (3.500 milhões de euros), envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil e movimentou, nas várias fases, cerca de 13.000 trabalhadores.
Entre março e meados de julho que o enchimento em Laúca condicionou a operação nas restantes barragens do rio Kwanza, devido ao reduzido caudal, limitando o fornecimento de eletricidade da rede pública a Luanda, por norma, a poucas horas por dia.
Com um volume de água de albufeira de mais de 2.500 milhões de metros cúbicos, o enchimento da barragem de Laúca só terminará em 2018, com a elevação até à quota 850, completando o reservatório na sua totalidade.
Nessa altura estarão em funcionamento as seis turbinas que estão instaladas, totalizando 2.070 MW de eletricidade, mais do dobro da capacidade das duas barragens - Cambambe (960 MW) e Capanda (520 MW) - já em operação no rio Kwanza.