"A nossa conclusão não é muito diferente dos valores que são hoje conhecidos e a nossa previsão vai no sentido de a capacidade de crescimento da economia não ser muito superior a 2,5 ou a 2,8% ao ano até 2022", disse.
Alves da Rocha falava hoje aos jornalistas no final da cerimónia de lançamento do Relatório Económico de Angola 2017, elaborado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica de Angola (UCAN).
Segundo o também diretor do CEIC, a capacidade de crescimento do país "não tem sido igual ao da população", pelo que realçou que o país está a entrar num "estado estacionário", em que o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante se mantém constante.
"O PIB por habitante do país tem vindo a diminuir e não é possível melhorar a distribuição do rendimento nacional", afirmou.
No entender do docente universitário, em termos reais, "a produção petrolífera em Angola tem vindo a diminuir", bem como a registar "comportamentos negativos", sobretudo pela "falta investimentos das concessionárias".
O diretor do CEIC questionou também o referencial de reservas de petróleo no país, argumentando que faltam estudos específicos para se apurar este quadro particular.
"Não se sabe muito bem qual o referencial de reservas de petróleo em Angola, se serão 9.000 ou 15.000 milhões [de barris] e faltam estudos para se apurar. Tudo isto tem de passar a ser enquadrado nos desenvolvimentos tecnológicos, que visam poupar cada vez mais petróleo e que visam substituí-lo por outras fontes renováveis", observou.
No domínio das reformas em curso em Angola, particularmente no combate à corrupção e na luta pela transparência, o economista falou numa "aparente nova era" para o país, augurando por "resultados efetivos".
"Vamos ver os resultados do combate à corrupção, porque, aparentemente, as políticas podem estar bem desenhadas e também aparentemente haver vontade política. Vamos é ver agora os resultados, alguns sinais apontam nesse sentido", realçou.
Alves da Rocha defendeu, por outro lado, a realização de um "estudo de impacto sobre a corrupção no desenvolvimento económico do país", pois, explicou, a estrutura governamental "carece de abordagens nesse domínio".
"Nunca vi aqui em Angola nenhum estudo de impacto sobre a corrupção no desenvolvimento económico. No CEIC fizemos alguns textos sobre isso, tentamos determinar o peso da corrupção, relativamente ao PIB", referiu.
"Mas nunca vi, da parte do Governo, considerações e abordagens no sentido de dizer que, se a corrupção for extinta, isso terá influência na percentagem da taxa de crescimento. Eu nunca vi isso", insistiu.
Em relação ao Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022, elaborado pelo Governo angolano e que suporta políticas, estratégias e metas de crescimento para o país nesse período, o diretor do CEIC questionou os custos para o seu financiamento.
Segundo o académico, também não se fazem contas sobre o custo das políticas públicas.
"Ninguém sabe, aqui, em Angola, quanto custa uma determinada política pública. Nos Planos de Desenvolvimento Nacional limitamo-nos a inscrever os objetivos, medidas, políticas. Mas quanto é que isso custa? Daí que deva haver uma análise económica das medidas de natureza administrativa", sublinhou.