As contas do banco, o maior do país e em processo de reestruturação devido à elevada carteira de crédito malparado, superior a 1,2 mil milhões de euros, foram aprovadas em assembleia-geral na terça-feira e contrastam com o resultado positivo em 8,3 mil milhões de kwanzas em 2015.
Na informação enviada à Lusa, o BPC justifica o resultado líquido negativo com as "decisões assumidas pelo actual conselho de administração", de constituir 72,7 mil milhões de kwanzas para "imparidades e provisões" do exercício de 2016.
Ou seja, reflectindo nas contas uma perda potencial ou efectiva de quase 400 milhões de euros em créditos concedidos anteriormente.
"Esta iniciativa será reforçada em 2017, com o intuito de assegurar o saneamento efectivo da carteira de crédito do banco e atingir um rácio de transformação abaixo dos 70,0%", refere ainda o BPC, liderado desde Março por Ricardo D'Abreu (presidente do conselho de administração), antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola
Esta medida foi acompanhada de um reforço dos fundos próprios do banco pelos accionistas, em 26,9%, face a 2015, passando para 171,9 mil milhões de kwanzas, enquanto os custos administrativos aumentaram num ano 38,5%, para 67,5 mil milhões de kwanzas.
Em 2015, o BPC tinha 406 agências em todo o país, com 5.354 trabalhadores, números que subiram, respectivamente, para 443 e 5.530 até final do ano seguinte.
O Estado angolano é accionista do BPC, através do Ministério das Finanças (75%), do Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10%), que suportaram na proporção da sua participação o financiamento do aumento de capital do banco.
"O banco vive um momento muito particular da sua história. Queremos sanear e reestruturar o BPC. Vamos fazê-lo para que o banco sirva convenientemente o Estado, seu único accionista", disse em Outubro passado o ministro das Finanças, Archer Mangueira.
O plano de recapitalização do banco, recorda a instituição, envolve várias ações que "visam assegurar a manutenção de uma posição financeira sólida e de um nível de rendibilidade sustentável e adequado ao perfil de risco do BPC".
Nomeadamente o aumento do capital social por subscrição de acções ordinárias pelos accionistas, no montante de 90 mil milhões de kwanzas (485,5 milhões de euros) e com a venda da carteira de saneamento (crédito malparado) à Recredit - espécie de "banco mau' criado pelo Estado para gerir os activos de cobrança duvidosa da banca angolana - efectuada neste caso por contrapartida de Obrigações do Tesouro no valor de 231 mil milhões de kwanzas (1.240 milhões de euros).
Envolve ainda a emissão de instrumentos de dívida subordinada convertível elegíveis para fundos próprios base no valor global de 72 mil milhões de kwanzas
"A utilização de fundos públicos é razão mais do que determinante para que o actual conselho de administração encare esta situação como um desafio a vencer, em nome de todos os angolanos", conclui o banco, na mesma informação.
LUSA