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UNITA ameaça com novas manifestações se "irregularidades" na preparação de eleições continuarem

Post by: 03 Junho, 2017

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, anunciou hoje que o partido vai convocar novas manifestações para contestar "irregularidades" na preparação das eleições gerais de 23 de agosto se nada for alterado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

"Só queremos testar. Estamos aqui a brincar ou levar as coisas a sério. Se estivermos num país verdadeiramente democrático, então temos de mudar, mas se estivermos num país do 'pai banana', como se diz, naturalmente que vamos continuar a ver as violações a acontecerem", afirmou Samakuva, em declarações à agência Lusa, em Luanda.

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) falava durante uma manifestação convocada pelo partido para contestar a contratação - por adjudicação direta - de duas empresas conotadas com o Governo para a preparação das eleições gerais de agosto, que o partido apelida de "fraude eleitoral".

Em causa estão alegadas ilegalidades no procedimento contratual de duas empresas, SINFIC, portuguesa mas ligada a capitais angolanos, e INDRA, espanhola, para a elaboração dos cadernos eleitorais e o credenciamento dos agentes eleitorais e o fornecimento de material de votação e da solução tecnológica, respetivamente, e que já participaram nas eleições de 2012.

O protesto, de caráter nacional, juntou em Luanda milhares de pessoas, que marcharam a pé durante cerca de três quilómetros, exigindo eleições livres e justas, levando o presidente da UNITA a afirmar tratar-se de um "dia histórico na luta por uma Angola livre e verdadeiramente democrática".

"Nós certamente que vamos continuar se aquilo que estamos a exigir agora não for satisfeito. Até obter a reparação das violações que estão a ser cometidas. Se o quadro não for invertido, nós vamos continuar com manifestações", afirmou à Lusa o líder do maior partido da oposição.

A UNITA convocou esta manifestação, de caráter nacional, para exigir que a CNE inicie novo processo contratual das empresas para prestar apoio tecnológico às eleições gerais.

Durante o protesto, o partido acusou a CNE de "prática fraudulenta", ao ter feito uma adjudicação direta na contratação das duas empresas de forma ilegal, num negócio que ronda os 143 milhões de euros e que, por isso, devia ter sido alvo de concurso público, e que as mesmas empresas tiveram "informação privilegiada", além de terem já participado "na fraude de 2012 [eleições gerais]".

"Se as pessoas dizem estar num Estado de Direito, então têm de o mostrar, cumprindo com as leis que, por sinal, eles próprios fizeram", criticou Isaías Samakuva, que é cabeça-de-lista da UNITA pelo círculo nacional nas eleições de 23 de agosto, e candidato dessa forma à eleição por via indireta para o cargo de Presidente da República.

A UNITA considerou anteriormente que não estão criadas as condições para a realização de eleições, previstas para 23 de agosto, e que a conduta da CNE, na organização eleitoral, "ofende os princípios da democracia, da legalidade, da lisura e da transparência"

Adalberto da Costa Júnior, líder parlamentar da UNITA, acusou a CNE de ter cometido, "pelo menos, duas violações à lei", utilizando, "aparentemente, o procedimento inerente ao concurso público para efetuar, de facto, uma contratação simplificada".

"Simulou dois concursos públicos quando já tinha na manga a intenção de escolher duas empresas amigas do MPLA (partido no poder): a INDRA, que já participou na fraude eleitoral de 2008, associada à Valley Soft, uma empresa controlada pela Casa Militar do Presidente da República", apontou.

À SINFIC é igualmente atribuída a acusação de ter ajudado o Ministério da Administração do Território "a fazer cadernos eleitorais incorretos em 2012" e de controlar os programas informáticos que produziram a Base de Dados dos Cidadãos Maiores, que "permitem os registos duplos", refere a UNITA.

LUSA

Last modified on Sábado, 03 Junho 2017 23:16
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