De acordo com a análise feita pela Lusa aos câmbios oficiais do kwanza, a moeda nacional de Angola tem-se valorizado consistentemente desde o início do ano, impulsionada pela subida dos preços do petróleo e motivando diversas implicações positivas nos indicadores económicos de Angola.
Para o governador do Banco Nacional de Angola, o valor atual a rondar os 450 kwanzas por dólar está equilibrado: "Temos estado a assistir a um aumento na confiança na moeda, gerando consideráveis ganhos para o kwanza", disse José Lima Massano, em declarações à agência de informação financeira Bloomberg em meados de março.
"O equilíbrio do kwanza foi reposto", considerou o governador, referindo-se à diferença que existia entre a cotação do kwanza no mercado formal e no informal, com diferenças que podiam ir até 150%, mas que agora estão praticamente anuladas.
O kwanza está a ganhar valor devido à melhoria da previsão de evolução da economia de Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, e à liberalização parcial da taxa de câmbio, argumentou o governador, referindo-se à medida tomada em 2018 e que, na prática, desindexou o kwanza ao dólar, o que causou nos anos seguintes uma depreciação de "mais de 80%".
A medida, disse Massano, era necessária para eliminar "grandes disfuncionalidades e desequilíbrios no mercado cambial angolano", mas teve como efeito a perda do poder de compra e a subida do rácio da dívida pública face ao PIB, já que uma boa parte da dívida de Angola foi emitida em dólares.
Além do fortalecimento do kwanza face ao dólar nos últimos trimestres e do aumento das receitas fiscais por via do aumento do preço do petróleo, "os consumidores também estão a ser beneficiados pela decisão do Governo, em outubro de 2021, de cortar a taxa de IVA dos bens essenciais de 14% para 7%", apontam os analistas da Oxford Economics Africa numa nota recente sobre a evolução da moeda angolana.
A economia de Angola saiu da recessão de cinco anos em 2021, crescendo 0,7%, segundo o Instituto Nacional de Estatística de Angola, e deverá crescer 3% este ano, de acordo com a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI).