Já durante o mês de julho, e apesar de algumas pontuais e ligeiras oscilações, o custo de cada dólar norte-americano no mercado paralelo rondava os 390 kwanzas (dois euros). Esta cotação de rua ficou inalterada na última semana, mas permanece, ainda assim, acima do dobro da taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA), há mais de um ano fixa nos 166 kwanzas (85 cêntimos de euro).
Com o aproximar das eleições gerais angolanas de 23 de agosto, das quais vai resultar a eleição indireta do sucessor de José Eduardo dos Santos, que após cerca de 38 anos como Presidente da República não se recandidata ao cargo, alguns alimentos têm vindo a aumentar de preço nos mercados de Luanda, com o - habitual, nestas circunstâncias - açambarcamento por parte da população.
Ainda assim, esta tendência não se reflete na cotação informal da moeda norte-americana e hoje foi possível encontrar em Luanda cada dólar a ser vendido entre os 385 e os 390 kwanzas em bairros de referência da capital, como Mártires de Kifangondo, Mutamba, Maculusso ou São Paulo, sensivelmente idêntico à semana anterior.
O último pico na cotação de rua, ilegal, mas também indicativa para vários setores de atividade, registou-se em junho, quando cada dólar chegou aos 400 kwanzas (2,05 euros), tendo descido nas semanas seguintes.
Estes valores na cotação informal contrastam com o pico deste ano, de 500 kwanzas (2,60 euros) por cada dólar, registado nos primeiros dias de janeiro.
Atualmente, mantêm-se as limitações no acesso a divisas nos bancos, inclusive nas contas em moeda estrangeira, situação que torna a venda paralela, para muitos nacionais e estrangeiros, a única forma de aceder a dólares ou euros em Angola.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
A atividade das 'kinguilas' - como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas - foi condenada em abril pelo governador do BNA, que advogou o seu fim.
"Não podemos ter, no nosso país, determinadas ruas que definem a referência do preço, onde se vendem dólares ou euros. Não podemos ter este nível de fluxo financeiro no mercado informal, que tem um grande impacto sobre o sistema financeiro", justificou Valter Filipe.
As taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho do ano passado, depois de máximos de 630 kwanzas em junho, face à falta de dólares nos bancos.