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Economistas entendem que já era previsível o retorno de Angola à lista cinzenta da União Europeia

Post by: 15 Junho, 2025
Economistas entendem que já era previsível o retorno de Angola à lista cinzenta da União Europeia

Economistas angolanos consideram que o retorno de Angola à lista cinzenta da União Europeia já era previsível, devido a algumas inconformidades identificadas no país.

A Comissão Europeia, através do GAFI – Grupo de Ação Financeira Internacional, actualizou a lista de países com riscos significativos no combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. Angola consta da lista, juntamente com outros onze países.

No caso específico de Angola, permanecem por cumprir 17 pressupostos exigidos pelas normas internacionais.

O economista Paulo Forquilha alerta que ainda existem sectores fora do sistema financeiro que precisam alinhar-se com os padrões internacionais no combate ao branqueamento de capitais. 

Economista Paulo Forquilha afirmou  que do ponto de vista da supervisão do setor financeiro, sobretudo do setor bancário, a Angola tem estado bem, todavia, há também que reforçar aqui a supervisão do setor não financeiro entre essas instituições, ressaltamos aqui os advogados e os notários, os contabilistas e os auditores, a questão dos agentes imobiliários, as casas de câmbios, os joalheiros e mesmo também aqueles negociantes de metais ou pedras preciosas e a questão dos casinos e também das lotarias. Não há esse rigor ainda para que aqueles que vão converter a moeda, consigam também perceber qual é a origem desse dinheiro.

E isso, do ponto de vista do Gafi, representa um risco muito elevado, sobretudo num país como o nosso, onde nós temos um nível muito elevado de informalíssimo. Outra questão de maior realce é a questão da lentidão e a baixa taxa dos resultados em investigações de processos criminais e aplicações de sanções.

O especialista reforça ainda a necessidade de a Comissão Nacional reforçar o seu trabalho, a fim de evitar que Angola migre da lista cinzenta para a lista negra. 

Segundo Paulo Forquilha, o grupo trabalho deve continuar a trabalhar com a máxima urgência para que possamos aqui evitar futuros constrangimentos e possamos então diluir aqui o risco de pudermos cair na lista negra. Nós estamos na lista cinzenta e tal só é possível se de facto nós conseguirmos cumprir e eliminar essas 17 deficiências que ainda persistem para o nosso país.

Também o economista Mário Bernardo defende que o país deve estabelecer prioridades claras, com vista à obtenção de resultados concretos no curto prazo, de forma a reverter o cenário actual e evitar sanções mais severas.

Mário Bernardo afirmou que se olhar para a necessidade de fortalecer a regulação, com políticas e normas e processos, para conseguirmos adequar o sistema de controle interno, privilegiando uma maior autonomia nas suas funções, portanto, nós precisamos que as entidades sujeitas tenham um sistema de controle interno atuando com processos devidamente verificáveis. É fundamental ainda reforçar os mecanismos de supervisão, tendo em conta as linhas práticas internacionais, garantindo aos órgãos de supervisão que façam o seu trabalho com resiliência e com bastante afinco. A formação, a capacitação para as entidades sujeitas de forma contínua é um requisito primordial para que, a curto prazo, os vários desafios que ainda persistem a nível do nosso sistema possam ser efetivamente ultrapassados.

Last modified on Domingo, 15 Junho 2025 19:34
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