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MPLA esconde sondagem que lhe é desfavorável

21 August, 2017

Uma sondagem que mexeu com as estruturas basilares do MPLA ao ponto de a terem escondido do grande público está agora disponível para o público geral consultar e constatar por si, através da publicação feita pelo Jornal Correio Angolense na sua "Edição Especial Eleições" desta semana e que pode ser adquirido em formato físico.

MPLA 38%; - UNITA 32%; - CASA-CE 26% - FNLA e PRS 1%

É uma sondagem que revela uma reprovação brutal à governação do MPLA no período compreendido entre 2012 a 2017. O MPLA que sempre teve vitórias confortáveis, encara agora com grande preocupação os sinais que indicam que pela primeira vez o poder vai mudar de mãos, a oposição vai se tornar poder em Angola. É a mesma sondagem cujos primeiros excertos foram publicados pelo site Makangola.

É uma sondagem e pesquisa de opinião encomendada pela Presidência da República a empresa brasileira Sensus. A Sensus é uma entidade brasileira versada há décadas em pesquisas de mercado e estudos de opinião, a sondagem abarcou os últimos cinco anos, realizando-se entre Janeiro de 2013 a Fevereiro de 2017, período correspondente à última legislatura. De acordo com os seus promotores, ela reflecte a opinião dos membros que compõem a sociedade em relação ao desempenho do Governo numa gama variadíssima de temas que vão desde (I) Política e Políticas Públicas; (II) Economia e Finanças; (III) Ética, Moral e Corrupção; (IV) Transparência dos Órgãos Estatais; (V) Ciência, Tecnologia e o Meio Ambiente (VI) Política Externa e Defesa Nacional a (VII) Sociedade e Qualidade de Vida.

O estudo foi realizado nas 18 províncias do país, sobretudo nas suas capitais, sendo o universo alvo dos inquiridos é composto por indivíduos com 18 ou mais anos de idade, recenseados eleitoralmente e residentes em Angola, com diferentes níveis de escolaridade e de diferentes classes sociais. Foram usado como métodos de recolha de dados telefonemas, entrevistas pessoais e directas, mailings, reuniões de grupos e sondagens virtuais em redes sociais. Os resultados falam por si. A previsão dos resultados eleitorais dá vitória ao MPLA com menos de 40% dos votos, ou seja: - MPLA 38%; - UNITA 32%; - CASA-CE 26% - FNLA e PRS 1% - Outros partidos 2% Sobre o prometido combate à corrupção na tão propalada lei da Tolerância Zero não produziu nada e quem o diz são 100% dos empresários, 100% dos idosos e 98% dos comerciantes.

A sondagem mostra que entre as 18 províncias de Angola o MPLA vai perder em 5: Huambo, Uíge, Bié, Lunda-Sul e Cabinda.

O nepotismo é outro grande problema é percebido pelos entrevistados como muito prejudicial não só só para o partido que governa, como também e de modo mais global para o país. 84% dos cidadãos entrevistados consideram que há em Angola excesso de nepotismo. A avaliar por essa sondagem, 79% dos angolanos discorda mesmo da prática de nomeação de familiares de governantes para cargos públicos. De acordo ainda a sondagem 65% dos entrevistados acredita que qualquer outro partido no poder irá quebrar a “cultura da impunidade”. Sobre o presidente da República.

A pesquisa conclui que a popularidade de José Eduardo dos Santos decresceu imenso, necessitando para tanto de ser recauchutada. Aquando da pesquisa, sua popularidade estava cotada em 4.9 numa escala de 0 a 10. Oito pontos acima (5.7) estava o líder da CASA-CE Abel Chivukuvuku. Samakuva tinha 4.5 e Lucas Ngonda 3.1. 75% dos angolanos, de acordo com a pesquisa, acham que Angola não é um Estado com ética. E é nesse contexto que 81% dos inquiridos consideram que o Presidente não é transparente.

As más políticas públicas, a falta de confiança nas instituições públicas e a violação das liberdades fundamentais não foram deixadas de parte.

Por exemplo, 87% dos entrevistados dizem que as políticas públicas implementadas pelo MPLA entre 2012-2017 não lograram melhorar a qualidade de vida dos angolanos. 90% dos estudantes universitários e 78% dos desempregados não têm confiança nas instituições públicas. Embora mais 78% dos entrevistados tenham afirmado que a população tem o direito de manifestar-se pacificamente, 87% dos inquiridos dizem que o Estado não respeita o direito à manifestação.

Em suma, a sondagem é um tremendo cartão vermelho à governação do MPLA ao longo desses mais de 40 anos de pelouro. Ao lê-la, conseguimos perceber por que o MPLA está a demonstrar desespero e em como não tem pudor em violar as leis que ele mesmo promulgou e fez aprovar.

Correio Angolense

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