Em conferência de imprensa, o presidente da FABOXE, Carlos Luís, que alega que plano de fuga foi "arquitetado" a partir de Angola, pelo que, a partir de agora, a sua direção vai ponderar a convocação de atletas com "características duvidosas".
"Dia 24 de agosto eles abandonaram o local da competição, como puderam acompanhar, o que me leva a crer que eles já saíram daqui de Angola com plano bem delineado e, até prova em contrário, sabemos que eles saíram do hotel, numa viatura de um familiar dos atletas", disse.
Acrescentou que "o facto de eles saírem da Alemanha para França e cada um ter-se dirigido para as suas famílias, é (sinal) que as mesmas estavam já à espera, e a única coisa que eles aproveitaram é a obtenção do visto".
Tumba Silva (91 kg), Carlos Massia (+de 91 kg) e Menayame Mbimbi (81 kg) são os três pugilistas que desertarem da seleção angolana de boxe, que devia competir no mundial da modalidade de 25 de agosto a 3 de setembro, na cidade de Hamburgo.
De acordo com o dirigente desportivo, a federação criou uma comissão de inquérito para averiguar as motivações da fuga dos três atletas, que será agora encerrado, devido as pistas já encontradas, devendo ser esclarecidas para se evitar situações do género.
"Ou então em competições da comunidade europeia, nós não vamos participar, ou os atletas de características duvidosas não vão participar, porque se esse campeonato tivesse ocorrido na Europa do Leste, América Latina ou na Ásia nenhum dos atletas ficaria", observou.
Carlos Luís considerou que a fuga dos atletas é uma "situação grave e que envergonha o país", garantindo, por outro lado, que deverá haver um "olhar clínico" sobre os atletas, que doravante serão convocados para integrar a seleção angolana de boxe.
"Características duvidosas têm a ver com os hábitos e atitudes que os atletas venham a apresentar e quando houver esses indicadores, esses atletas serão afastados. Deveríamos tê-lo feito, mas durante o nosso mandato não tínhamos registado situações tão graves e ponderamos. Essa ponderação deu vergonha para o país e vergonha para todos nós", lamentou.
Questionado sobre eventuais penalizações a Angola por parte da Associação Internacional de Boxe pelo facto de não competir no mundial da Alemanha, o presidente da FABOXE assegurou que o "país não sofrerá qualquer penalização".
"Desde já devo informar que Angola não será penalizada porque cada cidadão maior é responsável pelos seus atos e essa atitude foi individual. O processo de gestão e organização desportiva tem normas e a nós coube oferecer toda a informação às autoridades que organizaram a prova e quanto a isso não há qualquer responsabilidade de Angola", disse.
A seleção angolana de boxe é orientada pelo cubano Enrique Carrion, que na ocasião também lamentou a deserção dos seus atletas.
"Eles aproveitaram a hora em que fui participar na reunião técnica, um dia antes da competição, efetuamos normalmente os treinos e para o meu espanto ao regressar ao quarto notei logo algo estranho, porque em condição normal eles estavam sempre a falar alto e de repente quando entrei vi os quartos completamente vazios", realçou.
Situação semelhante ocorreu ainda este ano, em que o futebolista angolano Tulomba Kumuelo Eduardo, da seleção nacional de sub-20, que participava no Torneio Internacional de Toulon, em França, não regressou ao país.