"A economia continuou numa forte recessão no segundo trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a contrair-se 7,4% em termos anuais, uma acentuada deterioração face aos resultados do primeiro trimestre (-4,7% face ao período homólogo)", escrevem os analistas na previsão económica para a África Subsaariana.
Na avaliação das economias africanas enviada hoje aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, a FocusEconomics baixou a previsão de crescimento para este ano em 1,1 pontos percentuais, face ao crescimento de 0,7% previsto em outubro.
No entanto, o relatório anterior não incorporara os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, que apontava para uma recessão de 7,4% no segundo trimestre.
"O declínio da produção petrolífera pesou na importantíssima extração de petróleo e setor da refinação, que por sua vez tirou uma parte do crescimento das exportações", consideraram os analistas.
"A produção petrolífera voltou a derrapar no terceiro trimestre, enquanto uma desvalorização sustentada do kwanza e uma inflação elevada pesaram no poder de compra", acrescentaram os autores da avaliação.
Para 2019, a consultora aumentou a perspetiva de expansão económica em 0,1 pontos, passando a ser de um crescimento de 2,3%.
"Apesar do crescimento económico abaixo das expectativas na primeira metade do ano, o acordo pendente para receber apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) através de um Programa de Financiamento Ampliado (EFF, em inglês) anima a perspetiva para a economia angolana", dizem os analistas.
Os autores da avaliação acreditam ainda que o apoio do FMI e o aumento do preço do petróleo, bem como o empréstimo de 2.000 milhões de dólares (1.766 milhões de euros) do China's Development Bank podem "pôr a economia de Angola no caminho certo", mas alertam para a crescente dívida externa e para a desvalorização da moeda angolana, o kwanza.
Os analistas acreditam que durante o próximo ano a moeda pode depreciar quase 10% face ao atual câmbio com o dólar.
Atualmente, o dólar tem sido negociado a 310,3 kwanzas, mas a consultora acredita que no final de 2019 este valor subirá até aos 344,1, uma depreciação de 51,8% desde a adoção do novo modelo cambial, janeiro de 2018.
Para o próximo ano, a previsão da inflação angolana mantém-se, tal como na previsão de outubro, nos 16,7%.
Sobre a evolução da dívida pública, a FocusEconomics estima um crescimento para 75,7% do PIB este ano e uma descida para 74,1% em 2019.
Na mesma previsão económica para a África Subsaariana, os analistas da FocusEconomics reveem em alta o crescimento esperado para Moçambique em 2018, passando de 3,3% para 3,4%, com a expectativa para 2019 a continuar cifrada nos 3,5%, uma estimativa sustentada no aumento do investimento no setor do gás natural.
Na ótica da consultora, o crescimento de toda a África Subsaariana para 2018 deverá ser de 3%, prevendo uma melhoria de 3,6% para as economias da região em 2019.