"Angola é outro exemplo de como uma falta de transparência na divulgação de passivos não financeiros teve significativas implicações de crédito", lê-se num relatório desta agência de 'rating' sobre os riscos de não divulgar corretamente a informação financeira sobre as empresas públicas.
"No nosso anúncio de 'rating' feito em fevereiro de 2018, colocámos o 'rating' de Angola em revisão para descida num contexto de aumento dos riscos de liquidez e de deterioração da balança de pagamentos do Estado", acrescentam os analistas, apontando que "um dos fatores que levou à deterioração foi uma operação financeira de 8.000 milhões de dólares [7.100 milhões de euros], ou 7% do PIB, para apoiar a companhia petrolífera Sonangol".
A falta de transparência, conclui a agência de 'rating' nesta parte que incide sobre Angola, significou que "enquanto o apoio do Estado era esperado, o custo desse apoio e as implicações para a robustez financeira do Governo não ficou clara".
O relatório da Moody's não dá mais pormenores sobre a operação, e apresenta Angola como um exemplo, juntamente com países como Moçambique, África do Sul ou Venezuela ou Líbano, de países que pioraram os seus perfis de crédito por causa de operações financeiras não divulgadas por empresas públicas.
"A falta de informação sobre o estado financeiro das empresas do setor público pode contribuir para problemas na gestão de caixa, aumento da dívida e, em casos extremos, levar a incumprimento financeiro ['default'] do Governo", dizem os peritos da Moody's, concluindo que "as implicações de crédito quando essas operações são divulgadas dependem da escala, calendário de pagamentos e moeda de pagamento".
A 27 de abril do ano passado, a Moody's desceu o 'rating' de Angola para B3, argumentando com o aumento do endividamento do país para 74 mil milhões de dólares no final de 2017, o equivalente a 66% do PIB, bem acima da média de 43% dos seus pares com um 'rating' similar.
Na altura, a Moody's disse que "o aumento nos últimos 12 meses deveu-se principalmente ao 'bailout' da Sonangol (equivalente a 9,2% do PIB) e ao desleixo orçamental em vésperas das eleições" de 2017.