De acordo com o Atlântico Economic Outlook 2024 “Recuperação Económica Face aos Desafios e às Incertezas Geopolíticas”, hoje divulgado, Angola deve crescer 2,2% até dezembro, período em que o setor não petrolífero deverá crescer 3,36%.
A redução da produção petrolífera em Angola de 1,080 milhões de barris/dia para 1,060 milhões em 2024, associada à queda do prelo médio do barril de petróleo de 75 dólares para 65 dólares/barril deverá liderar a queda das exportações, refere-se no estudo do banco angolano.
Para os analistas do BMA, a redução da produção petrolífera deveria igualmente pressionar as reservas internacionais, condicionar a mobilização de receitas fiscais para o Estado, justificar a depreciação cambial, moderar as importações e reduzir as possibilidades de crescimento mais robusto do setor não petrolífero.
Os analistas referem, por outro lado, que as perspetivas de crescimento do país para 2024 “são positivas acima das estimativas para o fecho de 2023”.
O Governo prevê um crescimento de 2,84%, acima dos 0,44% estimados para 2023, enquanto do Banco Nacional de Angola (BNA) prevê um crescimento de 2,2%, recordam.
Observam que a taxa de câmbio do kwanza (moeda angolana) de 2023 fixou-se em 39,2% e 41,3% para o dólar e euro, respetivamente, aliada ao crescimento moderado do Produto Interno Bruto (PIB) “contribuíram para que o rácio da dívida pública sobre o PIB voltasse a se fixar acima dos 80%” em 2023.
Segundo o Atlântico Economic Outlook 2024, a taxa de câmbio do kwanza face ao dólar poderá manter a tendência de depreciação, com perspetivas de oscilarem entre os 850 e 910 dólares, em termos médios até final de 2024.
“A tendência poderá ser pressionada pela redução das exportações, manutenção do desinvestimento no setor petrolífero, liquidação da dívida pública externa e pela necessidade de preservação das reservas internacionais”, lê-se.
Os analistas do BMA consideram também, neste estudo, que o aumento das necessidades brutas de financiamento do Estado angolano, em sede do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2024, “poderá reduzir a capacidade de o OGE libertar liquidez à economia e justificar uma baixa execução das despesas de investimentos público no período em referência”.
Salientam que este cenário poderá ser agravado por um contexto de financiamento externo “mais apertado”, justificado pelas “reticências” dos bancos centrais das grandes economias – Reserva Federal norte-americana, Banco Central Europeu e Banco da Inglaterra – em reduzir as taxas de juro de referência e de um contexto de produção e preço do petróleo mais reduzidos.
O “Reaserch Atlântico” projeta ainda a aceleração da taxa de inflação dos 20,01% de 2023 para perto de 24% em 2023, devido aos desafios da oferta interna, da introdução de medidas aduaneiras mais restritivas à importação e das indicações da manutenção da produção de redução dos subsídios aos combustíveis.
A tendência poderá impulsionar os níveis de rentabilidade dos títulos da dívida pública, num contexto que se perspetiva a manutenção da tendência restritiva da política monetária, acrescenta-se na análise.
Para moderar a tendência inflacionista, observam ainda os analistas do BMA, o banco central angolano poderá reforçar a tendência restritiva da política monetária, que teve início em novembro de 2023, enquanto vai procurar assegurar uma política cambial mais transparente e previsível de modo a conferir maior independência e eficiência ao mercado cambial.