Em 50 anos de independência Angola não criou condições de crescimento económico – Economista

Post by: 27 August, 2025

O economista Alves da Rocha considerou hoje “inaceitável” que Angola não tenha conseguido em 50 anos de independência criar condições de crescimento da economia visando multiplicar o emprego e subir o salário mínimo nacional.

“É inaceitável é que, de facto, ainda não tenhamos conseguido, ao fim de 50 anos [de independência], criar condições de crescimento da economia para que posa multiplicar o emprego e decuplicar os salários”, afirmou hoje o também docente e diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), quando questionado pela Lusa sobre o salário mínimo nacional.

Em declarações à margem do Angola Economic Fórum (AEF -2025), que se iniciou hoje em Luanda e decorre até sexta-feira, Alves da Rocha referiu, por exemplo, não entender por que razão o atual salário mínimo em Angola está atualmente fixado nos 50 mil kwanzas (47 euros), salvaguardando que é necessário balancear “o montante do salário mínimo com as condições da economia” Angola, para o economista, “deve saber definir os seus desafios e lidar com eles de forma faseada, para se conseguir melhorar as condições de vida das populações”, referindo que a componente do salário mínimo nacional “é uma das matérias de grande desafio para o país”.

“O salário, o consumo das famílias, são fatores de desenvolvimento”, observou, salientando que as condições de vida da população e a taxa de inflação devem ser as metodologias para a elaboração do salário mínimo.

O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) de Angola anunciou, na terça-feira, que a partir de 16 de setembro todas as empresas do país devem passar a pagar o novo salário mínimo nacional, correspondente a 100 mil kwanzas (94 euros), com exceção das microempresas e ‘startups’, para as quais fica fixado em 50 mil kwanzas.

Alves da Rocha frisou que o atual salário praticado em Angola não é compatível com a condições de vida dos cidadãos. “Celebramos a História, Impulsionamos o Futuro da Economia” é o lema do AEF-2025, alusivo aos 50 anos de independência de Angola, que serão assinalados em 11 de novembro de 2025.

Sobre o percurso económico de Angola após meio século de independência, o diretor CEIC da Universidade Católica de Angola (UCAN) insistiu que a economia do país vive enormes desafios em vários domínios.

De acordo com o especialista, o desenvolvimento económico e social em Angola, nas condições presentes, não é suficiente, porque, sustentou, não basta que o país tenha recursos naturais, “mas é necessário que se atentam a outros domínios, nomeadamente ao nível da estratégia política e do capital humano”.

Questionado sobre se as atuais políticas públicas respondem aos desafios do país, o economista referiu que estas “respondem a alguns desafios”, observando que outros são muito mais complexos e exigem mais reflexão e mais trabalho”.

O diretor do CEIC considera necessário, para enfrentar os desafios, “num mundo tão complexo e interdependente”, a acumulação de conhecimentos nos domínios científico e de inovação tecnológica. “E nós aqui [em Angola] ainda não temos uma base de acumulação de conhecimentos.

Ao nível do conhecimento científico, tecnológico, da inovação, há iniciativas, há um ministério que tem de coordenar isso, mas é impossível ganhar essa luta se não sabermos definir os desafios e lidar com eles de forma faseada”, concluiu Alves da Rocha, um dos coordenadores técnicos da AEF-2025.

A economia angolana na visão dos nacionalistas: um olhar sobre o passado, presente e o futuro, história económica de Angola: uma avaliação sobre as opções de políticas económicas no pós-independência e investimento público em cuidados de saúde em Angola são alguns dos temas que estarão em discussão neste fórum, que conta com mais de 70 oradores.

A terceira edição do Angola Economic Fórum é uma realização do Kwanza Economics e da PetroAngola.

Last modified on Wednesday, 27 August 2025 13:37
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