Mais de 60% dos russos não quer vacina Sputnik V e acredita que coronavírus é arma biológica

Post by: 04 March, 2021

Quase dois terços dos russos não estão dispostos a receber a vacina Sputnik V, e um número aproximado acredita que o coronavírus foi criado artificialmente como uma arma biológica, mostrou um instituto de pesquisa independente.

O Centro Levada disse que uma pesquisa realizada no mês passado mostrou que 62% das pessoas não querem a vacina produzida na Rússia, e que o nível de relutância mais elevado foi identificado na faixa etária entre 18 a 24 anos.

A maioria dos entrevistados citou efeitos colaterais –que podem incluir febre e fadiga– como a principal razão para não querer ser vacinada.

A sondagem, que entrevistou 1.601 pessoas em 50 regiões, também descobriu que 64% das pessoas acreditam que o novo coronavírus foi criado como uma arma biológica.

A origem da Covid-19 está sendo altamente politizada, mas a maioria dos virologistas e especialistas em doenças infecciosas diz que é mais provável que ele tenha se desenvolvido naturalmente.

No mês passado, uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China disse que não está mais analisando se o vírus escapou de um laboratório, o que considera altamente improvável.

A missão disse que sua principal hipótese é a de que o vírus surgiu em um morcego, embora existam várias situações possíveis para explicar sua transmissão para os humanos, como uma infecção inicial em outra espécie animal.

A crença de que o vírus foi criado como uma arma biológica é predominante em russos de 40 a 54 anos — 71% deles têm esta opinião, segundo a pesquisa. Só 23% creem que o vírus surgiu naturalmente.

Regulador europeu começa a avaliar vacina Sputnik V, da Rússia

A agência regulatória de medicamentos da União Europeia (EMA) começou a avaliar dados sobre a vacina contra Covid-19 Sputnik V, desenvolvida pelo Centro Gamaleya, da Rússia.

O imunizante foi incluído no sistema de “análise contínua”, no qual as informações são analisadas conforme chegam à EMA, etapa anterior ao pedido formal de comercialização.

A aprovação da vacina pela agência europeia pode acelerar medida semelhante no Brasil, onde ela já está sendo negociada, com estados do Nordeste. O governo federal também pretende comprar 10 milhões de doses do produto russo. Mas, de acordo com a EMA, não há prazo previsto para a conclusão das análises.

A revisão seguirá até haver evidências suficientes para um pedido formal de autorização de comercialização —que exige dados completos sobre eficácia, segurança e qualidade, entre outros documentos.

A análise do pedido de registro, quando for feita, “poderá levar menos tempo que o normal” por causa da revisão contínua, segundo o regulador europeu.

A agência afirmou que tomou a decisão de iniciar uma revisão contínua com base em resultados preliminares já divulgados. "Esses estudos indicam que o Sputnik V desencadeia a produção de anticorpos e células imunes que têm como alvo o coronavírus Sars-Cov-2 e podem ajudar a proteger contra a Covid-19", afirma comunicado.

A EMA já aprovou o uso de três vacinas contra a Covid-19: a da Pfizer/BioNTech, em 21 de dezembro, a da Moderna, em 6 de janeiro, e a da AstraZeneca, em 29 de janeiro.

Na próxima semana deve haver uma decisão sobre o produto da Janssen; dois outros, da Novavax (EUA) e da CureVac (Alemanha), estão em revisão contínua.

Envolvida em disputas diplomáticas com a Rússia, a Comissão Europeia ressalvou que a avaliação de medicamentos ou imunizantes pela agência regulatória não tem nenhuma relação com decisões da União Europeia sobre compra ou adoção das vacinas.

Em tese, a aprovação de registro pela a EMA precisa ainda ser confirmada pela Comissão Europeia. Mesmo sem esses passos, porém, a Sputnik V já está sendo usada no bloco europeu, pela Hungria e pela Eslováquia.

Há duas semanas, a vacina do Centro Gamaleya gerou confusão depois que o Fundo de Investimento Direto da Rússia, um de seus financiadores, anunciou que a EMA já estava avaliando o pedido de registro. A agência afirmou então que não havia recebido solicitação do laboratório russo.

A vacina Sputnik V usa a tecnologia chamada de vetor viral, em que um vírus com pouca capacidade de fazer mal ao organismo (adenovírus, no caso do imunizante russo) produz proteínas do Sars-Cov-2. Uma vez no organismo humano, eles induzem uma defesa contra essa proteína.

Se a pessoa vacinada entrar depois em contato com o coronavírus, o sistema imunológico reconhecerá a proteína e estará preparado para atacá-la com anticorpos e células T, prevenindo que ele entre nas células humanas e destruindo células infectadas.

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