PGR acusa Venâncio Mondlane de agitação social e incitação à violência nas eleições em Moçambique

Post by: 15 October, 2024

A Procuradoria-Geral da República moçambicana intimou o candidato presidencial Venâncio Mondlane a abster-se de "agitação social e incitação à violência", assinalando que o político cometeu o crime de desobediência ao declarar-se vencedor nas eleições gerais do dia 9.

"A intimação resulta da reiterada onda de agitação social, desobediência pública, desrespeito aos órgãos do Estado e incitação e desinformação perpetrada pelo candidato a Presidente da República senhor Venâncio António Bila Mondlane, nos comícios, redes sociais e demais plataformas digitais", refere a PGR, em comunicado enviado esta terça-feira à Lusa.

"Apesar de [antes] já ter sido intimidado pelo Ministério Público [por outros atos], é preocupante a postura demonstrada por Venâncio António Bila Mondlane em reiterar a prática de comportamentos que violam os princípios e normas ético-eleitorais", lê-se na nota.

A PGR considera graves informações divulgadas por aquele político sobre resultados das eleições gerais do dia 9 não confirmadas pelos órgãos eleitorais competentes e a sua autoproclamação como vencedor das presidenciais.

A autoproclamação de vencedores e a divulgação de informações não confirmadas pode gerar desinformação e incitar a população a atos de violência, o que é completamente contrário à ordem e segurança pública, pode ler-se no comunicado.

"Note-se que a violação de normas éticas do processo eleitoral, quando consubstancie o apelo à desordem ou à insurreição ou incitamento ao ódio, ao racismo, à violência ou à guerra, são punidos com pena de dois a oito anos, se outra mais grave não couber", refere a PGR.

Venâncio Mondlane afirmou esta segunda-feira que os resultados de apuramento intermédio das eleições gerais divulgados nos últimos dias pelos órgãos eleitorais moçambicanos representam uma "falsidade" e uma "fraude", reafirmando-se "vencedor inequívoco" da votação de quarta-feira.

"Estamos a ver muita preocupação do povo face aos resultados de apuramento intermédio que estão sendo divulgados, que mostra de forma clara a falsidade, burla, fraude do nível mais vergonhoso do regime", afirmou Venâncio Mondlane, numa declaração que surge após a divulgação de resultados pelas comissões distritais e provinciais de eleições, desde sábado.

Esses resultados, com exceção da cidade da Beira -- que dão a vitória a Mondlane -, têm confirmado o candidato Daniel Chapo como vencedor, bem como o partido que o apoia, nas legislativas, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), em ambos os casos acima dos 50% dos votos.

Venâncio Mondlane, que conta com o apoio do partido extraparlamentar Podemos neste processo eleitoral, depois de ter abandonado em maio a Renamo, maior partido da oposição, assegura que está a realizar a contagem paralela de votos destas eleições, com base nas atas e editais recolhidos nas assembleias de voto em todo o país e, por isso, afirma que os resultados de apuramento intermédio que têm sido anunciados pelos órgãos eleitorais distritais e provinciais são "falsos e viciados".

Além de Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, concorreram ao cargo de Presidente da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceiro partido parlamentar), e Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

De acordo com a legislação eleitoral, até ao final do dia de segunda-feira devia estar concluído o apuramento dos resultados provinciais, tendo o apuramento ao nível dos 154 distritos do país sido concluído no fim de semana.

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias (contados após o fecho das urnas), antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

Last modified on Tuesday, 15 October 2024 17:50
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