Embora esteja já a ser superada e atendendo que nada indica que não venhamos a voltar a viver a mesma crise ao nível do downstream, nunca é demais rebater e questionar as reais causas que levam o país a viver, de forma cíclica, escassez de produtos da indústria do petróleo. Estamos sob sanções internacionais ? Voltaremos a viver a situação por que passaram recentemente os automobilistas, os sectores que dependem dos derivados de petróleo, um pouco por todas as cidades de Angola, com enchentes nos postos de abastecimento, com relatos de cenas de açambarcamento e contrabando?
Falando em contrabando, vale dizer que enquanto assistimos à falta de combustível nas bombas um pouco por todo o país, não raras vezes ouvimos casos de travessia do rio Congo de toneladas e toneladas de combustível para o mercado da República Democrática do Congo. Os poucos casos mediatizados de apreensões, em que nunca são revelados os responsáveis desse negócio milionário, são apenas verdadeiras pontas de um grande iceberg.
Tratando-se de uma situação previsível, a escassez de combustíveis, não se compreende de maneira absolutamente nenhuma que as entidades directamente responsáveis pela aquisição e distribuição dos derivados de petróleo não tenham um plano que inviabilize situações como esta. Além da comunicação tardia por parte da Sonangol Distribuidora e, não raras vezes pouco convincente, relativamente ao que se passa, tende a pairar a ideia de normalidade sobre a situação quando nos deparamos com enormes prejuízos por causa de uma situação evitável.
Sobre a alegada falta de divisas que inviabiliza a eventual aquisição de derivados de petróleo em tempo útil, além de não convencer por se tratar de uma situação vigente há algum tempo, leva a outros questionamentos relacionados com o sector bancário.
Quando se atira a bola para o lado do sistema bancário e porque a alegada falta de divisas é essencialmente um problema que envolve os bancos, a começar pelo Banco Central, a pergunta básica que se impõe é a seguinte : o sistema bancário angolano não conseguiu ainda resgatar a sua credibilidade junto dos seus correspondentes ? Não é sustentável continuarmos a vivenciar situações completamente evitáveis, numa altura em que o país envida esforços para reforçar a transparência, as boas práticas a todos os níveis. A continuarem situações como a mais recente, a da escassez de combustível por alegada falta de divisas, insistimos com a pergunta que se impõe : será que estamos sob sanções internacionais? JA