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João Lourenço: Mikhaïl Gorbatchev ou Raul Castro?

Post by: 17 August, 2017

A vitalidade de uma democracia reside em realização regular das eleições habilitadas a oferecer a oportunidade ao povo de renovar o pessoal político e sobretudo de legitimar os seus dirigentes. 

Pode Mingiedi \ Politólogo, Suíça

O caso de Angola constitui um laboratório interessante para qualquer pessoa que se emprega a analisar uma situação política.  A especificidade do caso, após um conflito e uma longa gestão sem partilha do poder, chama uma certa reflexão sobre os cenários possíveis após o voto.  O mais provável é a vitória “moderada” do MPLA que perderia logicamente as penas na sequência de usura ao poder. 

Por uma questão de credibilidade, o vencedor, forte da sua legitimidade, deveria dar imediatamente, os sinais de mudança.  Ele baterá duro desde o início para marcar melhor a ruptura com o passado várias opções apresentam-se a ele. Entre estas, dois poderiam servir de fonte de inspiração com uma boa vontade política e integrando as realidades limpas ao país.  Muitos de nós lembram-se da antiga União Soviética.

Poucos especialistas tinham previsto o rebentamento do império, especialmente sob a liderança de um homem do aparelho do Partido Comunista ao poder, membro do Bureau Político na pessoa de Mikhail Gorbatchev.  Nomeado Secretário-geral do Comitê Central do Partido comunista da União Soviética em março 1985, ele atirara-se imediatamente a uma reforma profunda do sistema soviético caracterizado pela burocracia pesada constituindo um obstáculo para a reconstrução económica e se esforçará a liberalizar o regime permitindo a transparência.

Para o sucesso de uma tal empresa na Angola, uma renovação do pessoal política prova-se crucial. 

Com a saída do presidente atual, a ocasião é propícia para solicitar a compreensão dos que fizeram o seu tempo.  Êxito discurso de um militantíssimo cego.  A gestão dum país com slogans deixará    o lugar à modernidade.  Uma nova era será aberta com as competências adequadas para melhor enfrentar os desafios do mundo moderno. 

Nesta hipótese, o Estado imaginará outra forma de recompensa para os que estiveram a combater para liberar o país do jugo colonial.  A semelhança do estatuto do antigo presidente votado pelo Parlamento, seria judicioso fazer a mesma diligência para os antigos    ministros, embaixadores… 

A esse respeito, o modelo suíço mereceria ser consultado. O tempo chegou para que o interesse geral premiasse o individual. Há urgência de desenvolver uma cultura da reponsabilidade e intensificar o combate contra o desperdício.

O exemplo da Cuba também fala. A actualidade recente sobre este país demonstra que a vontade de mudança é cada vez mais perceptível sob a governança de Raoul Castro, enquanto que sempre esteve no passado ao lado do seu irmão Fidel Castro, hoje oficialmente afastado do poder.

Teoricamente, o discurso sobre a mudança é muito mais credível com a alternância política. Pragmatismo obriga. Uma vitória da oposição parecendo improvável em 2017, há necessidade de imaginar as pistas susceptíveis de conduzir à uma verdadeira mudança com o MPLA.  Os dois casos supracitados provam que com a determinação, tudo é possível.  O ritmo da mudança será ditado pelo Presidente e supervisionado pelo Parlamento recém-eleito.

Porque a Angola deveria opor-se à esta aspiração legítima que anima qualquer ser humano?

O status quo seria, à médio prazo, uma opção suicida para o país. 

A história julgará.

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