Num comunicado enviado à agência Lusa em Luanda, a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), adianta que a decisão foi tomada na sequência de uma reunião do Estado-Maior do movimento para analisar "as iniciativas unilaterais" de Kitembo, que não consultou o presidente Emmanuel Nzita.
Por esta razão, e por Kitembo utilizar "abusivamente do título de vice-presidente da FLEC-FAC, sem respeitar previamente a hierarquia da FLEC-FAC e à revelia de (...) Emmanuel Nzita, o movimento exige a exoneração do pastor.
"O Estado-maior da FLEC-FAC solicita a Sua Excelência, o Senhor Presidente da FLEC-FAC, Dr. Emmanuel Nzita, que proceda à exoneração com efeitos imediatos do Pastor Anny Kitembo da função de vice-presidente da FLEC-FAC", lê-se no documento.
A Lusa tentou infrutiferamente contactar o líder da FLEC/FAC.
Segundo o comunicado, assinado pelo general Zing Zong Júnior Sousa, Inspetor-geral da Defesa Nacional das FAC, em que não são esclarecidas quais as iniciativas unilaterais desenvolvidas pelo vice-presidente, Kitembo também "deixa de estar habilitado" a representar a FLEC-FAC e de "emitir qualquer declaração" em nome do movimento.
"O Estado-Maior da FLEC-FAC reafirma a necessidade imperativa da disciplina e do respeito das hierarquias na FLEC-FAC. Qualquer iniciativa individual que não tenha sido devidamente mandatada por Sua Excelência o Senhor Presidente da FLEC-FAC, Dr. Emmanuel Nzita, será considerada nula e o seu autor alvo de um processo disciplinar", refere o movimento.
A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Emmanuel Nzita é presidente da FLEC/FAC sucedendo a Nzita Tiago, líder histórico do movimento independentista Cabinda, que morreu a 03 de junho de 2016, aos 88 anos.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que mantém a resistência armada contra a administração de Luanda.
A FLEC foi criada oficialmente num congresso que se realizou de 02 a 04 de agosto de 1963, ainda antes da independência de Angola. A cidade de Ponta Negra, no Congo Brazzaville, foi o berço da sigla que se viria a tornar conhecida.
A FLEC resultou da fusão de três organizações: o Movimento para a Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC), de Luís Ranque Franque, Comité de Ação da União Nacional de Cabinda (CAUNC), de Nzita Tiago e a Aliança Nacional Mayombe (ALLIAMA), de António Sozinho.
Franque assume a presidência da FLEC, Sozinho é eleito secretário-geral e Nzita é vice-presidente e é ele próprio quem abre o escritório do movimento em Cabinda, antes da independência de Angola (11 de novembro de 1975).
No final da década de 1970, a FLEC dividiu-se em várias fações. Além da FLEC-Nzita, surgem a FLEC-Ranque Franque e a FLEC-Lubota, líderes históricos entretanto falecidos.
E a multiplicação continuou nos anos seguintes com a FLEC-FAC, FLEC-Posição Militar, FLEC-Renovada ou FLEC-Nova Visão.