Num comunicado, o banco central angolano não adianta as razões para a mudança no sistema, em vigor desde 09 de Janeiro deste ano e que funcionou até hoje num regime não diário, limitando-se a indicar que a decisão se enquadra nas "intervenções regulares [do BNA] no mercado de câmbios".
Hoje, na 14.ª e última sessão de Outubro, o BNA colocou no mercado primário 40 milhões de euros, divididos por 15 bancos, terminando o mês com a disponibilização de 740 milhões de euros para uma venda de 607,067 milhões de euros, valor superior ao previsto (552,5 milhões de euros).
O leilão de hoje levou também a uma ligeira apreciação da moeda angolana face à europeia, o que acontece pela segunda vez em menos de uma semana, fixando-se nos 350,369 kwanzas/euro, contra os 350,963 kwanzas/euro registado na sessão de segunda-feira.
Frente à moeda europeia, o kwanza já depreciou 47,08% desde Janeiro deste ano, quando se transacionava a 185,4 kwanzas/euro.
Em relação à moeda norte-americana, o kwanza voltou a depreciar-se, transacionando-se agora a 308,233 kwanzas/dólar, contra os 307,187 kwanzas/dólar fixados segunda-feira, atingindo mínimos históricos.
A depreciação desde Janeiro, quando se trocava 165,92 kwanzas/dólar, já atingiu 46,17%.
Em Setembro, o BNA anunciou que, a partir de 01 de Outubro, deixaria de proceder à venda direta de divisas, pelo que as solicitações de compra de moeda estrangeira voltaram a ser unicamente apresentadas aos bancos comerciais autorizados.
Na ocasião, o BNA referiu ter, no âmbito da normalização do funcionamento do mercado cambial, retomado a venda de moeda estrangeira nos leilões de divisas sem indicação específica das operações ou importadores para os quais os fundos devem ser vendidos pelos bancos comerciais.
Segundo o BNA, o sistema ajustado de vendas directas permitiu que o banco central angolano tivesse um entendimento mais preciso da metodologia necessária para a protecção das reservas internacionais e emitisse regulamentação e orientações aos bancos comerciais adaptados a esse objectivo.
Com esse sistema, o BNA assegurou ainda a alocação imparcial das divisas no pagamento dos atrasados e a atenuação das percepções negativas dos clientes sobre os critérios de secreção dos beneficiários aplicados pelos bancos comerciais.
O BNA entende agora que, após o período de maior intervenção, com o mercado cambial actualmente mais bem regulamentado e com maior regularidade na oferta de moeda estrangeira, estavam criadas as condições para que sejam novamente os bancos comerciais a realizarem a alocação de moeda estrangeira aos seus clientes.
No exercício das suas responsabilidades de supervisor e de autoridade cambial, o BNA comprometeu-se a trabalhar junto das instituições financeiras, para que esta transição seja bem-sucedida e ocorra sem quaisquer impactos negativos na actividade económica do país.