“Com certeza a União Europeia pede que seja feito um inquérito sobre o que aconteceu no dia 30 de janeiro na toda a complexidade e em diálogo com todos que têm um papel e intervenientes no processo”, afirmou hoje Jeannette Seppen.
Falando no final de um encontro com o ministro da Justiça e Direitos Humanos, Francisco Queirós, onde foi abordado os incidentes de Cafunfo, Seppen disse que teve uma conversa “muito importante e extraordinária” com o governante angolano.
Segundo Jeannette Seppen, a parceria entre a UE e Angola é extensiva a “todos os assuntos, inclusive os direitos humanos” e teve a ocasião de exprimir “preocupações sérias” sobre o que aconteceu em 30 de janeiro.
“E tivemos uma conversa muito aberta onde falamos das diferentes perspetivas sobre o que aconteceu”, afirmou a diplomata europeia.
Os incidentes de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, na madrugada de 30 de janeiro, resultaram em vários mortos e feridos, com as autoridades a considerarem um “ato de rebelião” e manifestantes a considerarem um “ato pacífico”.
A polícia angolana afirma que cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia desta região rica em recursos minerais, tentaram invadir uma esquadra policial e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.
A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.
A União Europeia, assegurou a diplomata, “vai continuar a seguir também a resposta do Governo de Angola, vai continuar o diálogo não só com o Governo, mas com membros da sociedade civil”.
“E vamos acompanhar o processo para assegurar que os direitos humanos sejam promovidos e protegidos ao máximo possível”, notou.
Questionada se houve violação dos direitos humanos na sequência dos incidentes da vila mineira de Cafunfo, Jeannette Seppen afirmou ser “demasiado cedo para se ter uma resposta”, reafirmando: “Ficamos com preocupações muito sérias”.
“E é por esta razão que pedimos esse diálogo com o ministro da Justiça e Direitos Humanos hoje e vamos continuar a seguir a situação, ver como se faz o seguimento e vamos continuar a falar com todos”, assegurou.
Na abertura do encontro, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos angolano, Francisco Queirós, deu apenas boas vindas à delegação europeia manifestando “abertura para o diálogo”.