Será desta que Eduardo dos Santos volta a Angola?

O regresso de José Eduardo dos Santos a Angola tem sido várias vezes anunciado. O próprio Radar África já deu conta, em junho deste ano, de que a viagem do antigo chefe de Estado para Luanda estaria para breve, mas o cenário nunca se materializou.

Agora, a possibilidade volta a ser colocada com insistência. Segundo informações que circulam em meios restritos, baseadas numa convicção que terá sido transmitida pelos próprios familiares, José Eduardo dos Santos deverá, finalmente, viajar para Angola nas próximas semanas.

O ex-presidente da República ausentou-se do país em abril de 2019 e ao longo dos dois últimos anos tem permanecido quase sempre em Barcelona. A exceção foi uma estada no Dubai, entre dezembro de 2020 e abril de 2021, a qual serviu para dar apoio à filha primogénita, Isabel dos Santos, após esta ter pedido o marido, Sindika Dokolo, num acidente de mergulho.

 O regresso de José Eduardo dos Santos marcaria o fim de um exílio autoimposto, uma condição extensiva a outros membros da família. Isabel dos Santos, que mantém uma disputa judicial com o governo angolano, está a residir no Dubai, enquanto Tchizé dos Santos tem passado o seu tempo dividida entre o Reino Unido e Portugal. Já o filho, José Filomeno dos Santos, antigo líder do Fundo Soberano, foi condenado em agosto de 2020 a cinco anos de prisão pelos crimes de burla e defraudação, peculato e tráfico de influências, tendo apresentado recurso da sentença.

Reconhecimento do poder efetivo

Os planos de José Eduardo dos Santos – que festejará o 79º aniversário a 28 de agosto – são uma incógnita, mas a sua capacidade de influenciar o MPLA é cada vez mais reduzida e o partido irá reforçar o poder do Presidente em exercício, João Lourenço, no congresso ordinário marcado para dezembro deste ano.

Todavia, uma reaproximação passará sempre pela imperiosidade de José Eduardo dos Santos reconhecer o poder efetivo do atual Presidente. Nos últimos meses, Isabel dos Santos fez um interregno nos ataques ao governo angolano, circunstância que poderá contribuir para aliviar as tensões entre a família Dos Santos e o chefe de Estado. Eduardo dos Santos tem visto o número dos seus apoiantes minguar, a tal ponto que apenas os generais Hélder Vieira Dias (Kopelipa) e Leopoldino Fragoso do Nascimento (Dino) se mantêm como indefetíveis.

Em todo o caso, o regresso do antigo líder a Angola terá um tremendo impacto político e todos os seus atos serão escrutinados com minúcia. José Eduardo dos Santos poderá contribuir para apaziguar o MPLA, unindo o partido para as eleições gerais do próximo ano, ou, em caso de distanciamento de João Lourenço, ajudar a UNITA de Adalberto da Costa Júnior a ganhar ainda mais protagonismo. Negócios

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