Segundo o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, que hoje apresentou os dados em Luanda, a contagem dos votos realizada com base nas atas síntese em posse da UNITA pode introduzir alterações nos resultados.
“Os dados apurados pelo centro de contagem e apuramento da UNITA revelam diferenças enormes e inaceitáveis daqueles publicados pela CNE”, destacou.
Segundo os números apresentados 347.436 votos foram subtraídos à UNITA em 15 círculos provinciais e 185.825 foram acrescidos ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no podet) em 16 círculos provinciais, uma soma de 533.261 votos.
“Um número capaz de produzir alterações nos resultados definitivos divulgados pela CNE com reflexo bastante visível no número de mandatos nos círculos provinciais e no círculo nacional e naturalmente nos resultados finais”, disse o presidente da UNITA, hoje em Luanda numa declaração aos jornalistas.
Os resultados definitivos anunciados na semana passada pela CNE angolana deram vitória, com maioria absoluta, ao MPLA, com 51,17% dos votos, um resultado contestado pela UNITA, que obteve 43,95%.
Com estes resultados o MPLA elegeu 124 deputados e a UNITA elegeu 90 deputados, quase o dobro das eleições de 2017.
Mas de acordo com Adalberto da Costa Júnior, se forem adotados os resultados definitivos publicados pela CNE, e acrescer ao resultado da UNITA os votos subtraídos (347.436 votos), o partido passaria de 2.756.786 votos (anunciados pela CNE), para 3.104.222 votos correspondentes a 49,5% e; se subtrair ao resultado do MPLA, os votos a mais que lhe foram atribuídos (185.825 votos), esta força política desceria de 3.209.409 atribuídos pela CNE para 3.023.584 votos, correspondentes a 48,2%, o que significa que perderia as eleições.
Só em Luanda, a contagem da UNITA aponta para uma diferença de 214.679 votos subtraídos, estando neste momento a ser divulgadas publicamente as atas em posse do partido, exemplificou.
“As atas que sustentam a contagem do escrutínio paralelo da UNITA podem ser consultadas. O sistema que as processou pode também ser auditado”, sublinhou o dirigente, que apontou também ilegalidades relacionadas com o excesso do número de votantes, existência de duas atas síntese para uma mesma assembleia de voto e não publicação dos cadernos eleitorais conforme a lei.
“As discrepâncias acima evidenciadas, indiciam a existência de manipulação dolosa dos resultados, o que só se pode esclarecer mediante comparação com as atas em posse dos concorrentes e da CNE”, declarou Adalberto da Costa Júnior.
O líder da UNITA considerou que as violações à lei apontadas “promoveram a obstrução do direito ao voto, com impacto nos resultados eleitorais”, e defendeu que estes atos devem ser alvo de responsabilização criminal dos seus autores, titulares de funções públicas.