"Tendo em conta a necessidade de se evitar o escalar do conflito, consideramos importante que as autoridades russas tomem a iniciativa de pôr fim ao conflito [na Ucrânia], criando assim um melhor ambiente para se negociar uma nova arquitetura de paz para a Europa e abrir caminho à tão almejada e necessáia reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse João Lourenço no seu discurso de posse, em Luanda.
Angola foi um dos 35 países do mundo que não condenaram a invasão russa da Ucrânia, numa votação na Assembleia Geral das Nações Unidas em março.
Hoje, o chefe de Estado disse que "a República de Angola tem sempre defendido a importância do recurso ao diálogo e a resolução pacifica dos conflitos, primando pelo respeito inequívoco do direito internacional".
No final de um longo discurso perante uma multidão em Luanda, em que apresentou as prioridades do novo Governo para o país, João Lourenço focou-se na diplomacia angolana, lembrando que Angola tem desempenhado, "com algum sucesso", um papel na resolução de conflitos nas regiões da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos.
Exemplificou com o caso da República Centro-Africana, o conflito fronteiriço entre o Ruanda e a República Democrática do Congo ou ainda entre o Uganda e o Ruanda.
"Temos procurado fazer modestamente o nosso melhor, uma vez que a solução depende sempre da vontade política" das partes envolvidas, lembrou João Lourenço.
Manifestou ainda preocupação com o conflito no Tigray, no norte da Etiópia, onde a situação humanitária "se agrava" porque "foi simplesmente esquecida com o eclodir de um novo conflito na Europa".
"É hora de o mundo começar a encarar a necessidade de salvar e proteger vida humana por igual, sem preconceitos de ordem racial, religiosa ou de qualquer outro tipo. Todas as vítimas das guerras, dos conflitos armados, das calamidades devem merecer o nosso carinho, atenção e solidariedade", alertou o Presidente Angola.
Defendeu ainda que as Nações Unidas "devem ser o guia regulador do equilíbrio na ação das organizações humanitárias internacionais" para que estas não concentrem todas as atenções em "apenas um tipo de necessitados".