A hipótese foi sugerida pela Economist Intelligence Unit (EIU) numa análise prospetiva sobre a situação política e económica em Angola no período 2024-2028, que o deputado considera não ser credível.
“Não só pelos riscos que envolve, assim como pelo desconhecimento do que realmente se passa no país e por que muitos desses analistas são pagos com somas muito altas para nos fazerem crer em coisas que nem sequer são credíveis. Na verdade, os melhores analistas são os angolanos. Eles terão a última palavra em 2027 [data das próximas eleições gerais]”, disse à Lusa.
O deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) sublinha que um terceiro mandato de João Lourenço só poderia efetivar-se mediante uma revisão da Constituição, que fica dependente do que a sociedade no seu todo e os deputados, em particular, “têm a dizer”.
Por isso, “é tremendamente perigoso” pensar em contornar a Constituição, uma via que “não deve ser aceite” e “não se aconselha”, pois não depende apenas de João Lourenço e não contaria com o apoio da sociedade e dos partidos na oposição.
“Seria desenhar um fim muito triste para João Lourenço”, afirmou, aconselhando o Presidente angolano a preparar a sua saída do poder.
Para o político, a insistência num terceiro mandato seria a prova “de que João Lourenço, depois dos múltiplos insucessos que tem tido, ou está mesmo muito vulnerável ou está refém de um grupo de pessoas que o deixaram totalmente sem saber o que fazer”.
“Certamente que os que mal aconselham João Lourenço para esse caminho querem que ele seja lembrado como o pior Presidente que esse país já teve”, vincou.
O deputado da UNITA aponta ainda riscos para o país de um novo mandato presidencial, destacando o aumento da corrupção e “os índices de rejeição social” face a João Lourenço, superiores aos do MPLA.
“Também há o risco sistémico”, declarou à Lusa, salientando o “descrédito” a nível internacional e a desconfiança dos mercados.
“Supostamente, João Lourenço está a tentar recuperar a imagem de Angola lá fora”, disse, exemplificando com o encontro que o chefe de Estado tem previsto para hoje com o homólogo norte-americano, Joe Biden, e alertou que “qualquer decisão incongruente e antidemocrática dele só elevará o risco do país” de convulsões e desintegração social.
Olivio Kilumbo disse que “inviabilizar essa intenção” é uma questão de interesse nacional, e não apenas da oposição: “devemos mostrar ao João Lourenço e seus apoiantes de que essa ganância de se querer o poder a qualquer custo não é saudável”.
Assinalou ainda que a maior parte da população angolana é jovem, realçando que “essa juventude é a maior oposição a João Lourenço”.
“Eles acham o Presidente ilegítimo, não votaram nele em 2022, sentem-se roubados”, frisou.