De acordo com o secretário-geral daquele sindicato, Elias Pinto, a PGR anunciou uma promoção de categoria interna, mas da lista "não constam membros da comissão sindical", que em julho chegou a realizar uma greve de 15 dias.
A Lusa tentou obter uma reação da Procuradoria angolana a estas acusações, mas sem sucesso até ao momento.
"A direção da PGR preferiu nomear apenas os seus parentes, alguns eram motoristas e empregados de limpeza, que por esta altura se tornaram os nossos chefes. Uma confusão tremenda e nenhum indivíduo que pertence à comissão sindical foi promovido", criticou.
O sindicalista acrescentou que a situação será reportada ao novo Presidente da República, João Lourenço, e ao novo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, estando já a ser preparada uma assembleia geral de trabalhadores da Procuradoria angolana.
Sobre a tomada de posse, realizada na quarta-feira em Luanda, de 25 novos magistrados do Ministério Público (MP), que devem seguir para o interior do país, Elias Pinto considerou o processo "irrelevante", face às necessidades.
"Foram vagas antigas, não tem nenhuma relevância. A Procuradoria é um universo de mais de 2.000 pessoas, mas porque a PGR não faz promoções?", questionou o sindicalista.
O procurador-geral da República de Angola, João Maria de Sousa, exortou na quarta-feira os 25 novos procuradores do MP, que se juntam aos 420 em funções, a defenderem valores da "legalidade" e a não manifestarem "desprezo" pelos cidadãos.
Durante a cerimónia de posse, o procurador recordou que valores como a legalidade, a objetividade, a isenção, a imparcialidade, a competência e a probidade pública "devem nortear" o perfil destes elementos do sistema de Justiça.
A necessidade de reforço do número de magistrados e funcionários, a falta de instalações para acomodação adequada dos serviços e a falta de transportes foram algumas dificuldades do MP angolano enumeradas por João Maria de Sousa.
"A falta de fundos operativos de suporte às investigações e atos de instrução processual, e de meios financeiros de apoio à instituição", acrescentou o procurador.
De acordo com o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Técnicos de Justiça e Administrativos da Procuradoria-Geral da República de Angola, o reconhecimento das dificuldades da PGR por parte de João Maria de Sousa "é fruto das lutas do sindicato" nos últimos tempos.
"São questões que constam do nosso caderno reivindicativo e que temos estado a debater", observou, defendendo que se demonstra que esta luta sindical "claramente tem uma razão de ser".