O governador do Banco Nacional de Angola, José Massano, demitiu, na semana passada, o director do Departamento de Gestão de Reservas do BNA, António Samala Bule Manuel, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de envolvimento na apropriação dos 500 milhões USD que saíram do banco central de forma inapropriada em 2017, processo do qual também é arguido o então governador do BNA Valter Filipe, José Filomeno dos Santos "Zenú", filho do ex Presidente da República, entre outros. António Samala, que exercia o cargo de director do Departamento de Gestão de Reservas do BNA desde 2011, é acusado pela PGR pelos crimes de associação criminosa e peculato.
Segundo a acusação, a 18 de Agosto de 2017 Samala foi ordenado verbalmente por Valter Filipe, enquanto governador do banco central, para transferir 500 milhões USD a favor de um consórcio pertencente a Jorge Guadens Sebastião e Hugo Onderwater, também arrolados no processo (ver página 2). "Violando, por isso, o que determina a Circular número 24/2009 do BNA, reforçada pelo despacho 40/2009 [do BNA], segundo a qual os valores monetários superiores a um milhão USD, equivalente em Kwanzas, só podem ser transaccionados pelo Conselho de Administração do BNA, não tendo o governador competências para o efeito", assinala o documento da acusação.
O documento descreve que a operação de transferência dos 500 milhões USD foi realizada no Departamento de Gestão de Reservas do BNA, contrariando as regras do banco central, uma vez que essas operações são realizadas pelo departamento de Operações Bancárias. "Ou seja, a operação de transferência de valores monetários deve ser realizada pelo Departamento de Operações Bancárias e registada no Departamento de Contabilidade e Gestão Financeira. (...) Expansão