Em declarações à Angop, nesta terça-feira, Hortêncio Coxi, afirmou ter sido ouvido pela procuradora do Departamento de Instrução e Acção Penal (DIAP) junto do Tribunal do Seixal, e libertado sob o Termo de Identidade e Residência, a medida menos gravosa.
O jovem considera que as acusações dos agentes da PSP de que foram alvo de agressão não correspondem a verdade.
Hortêncio Coxi denunciou, ainda, ter sido agredido na esquadra de Cruz de Pau. Durante a sua permanência na esquadra, avançou, tentaram coagi-lo a assinar um documento sem ler, facto que recusou.
Por sua vez, o advogado de defesa, José Fernandes, adiantou que está agora em curso a fase de inquérito do processo. “O Ministério Público é o responsável pelo inquérito. O senhor Hortêncio foi indiciado por um crime de resistência. O processo está em fase de inquérito que pode culminar com o despacho de acusação ou de arquivamento”, referiu.
José Fernandes avançou que o melhor que poderia ter acontecido é a liberdade de Hortêncio Coxi e considera também ter havido excesso na actuação dos agentes da polícia.
Em comunicado distribuído à imprensa, a PSP informa ter aberto um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”, ocorrida domingo no bairro da Jamaica, concelho do Seixal.
Em protesto, na noite segunda-feira, 21, a Associação SOS Racismo realizou uma manifestação em solidariedade para com os implicados no caso.
Participaram da mesma, uma centena de moradores do bairro da Jamaica, num protesto que teve lugar defronte ao Ministério da Administração Interna (MAI), em Lisboa, para dizer “basta” à violência policial e “abaixo o racismo”.
Acompanhados de alguns símbolos e cartazes a dizer “antirracismo social”, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Não ao racismo”, “não à mortalidade policial” e “chega”. Entre os gritos de protesto destacou-se um símbolo de “união” contra o racismo, em que duas pessoas com cor de pele diferente desfilaram de mãos dadas.