A campanha, uma iniciativa da União Africana, liderada pela primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, foi lançada no Luena, província angolana do Moxico, em dezembro de 2018, e hoje realizou-se a apresentação do Plano Operacional para a Prevenção da Transmissão do VIH de Mãe para Filho 2019-2021.
Na sua intervenção, Ana Dias Lourenço, citando dados da ONUSIDA de 2017, referiu que Angola regista uma baixa cobertura dos serviços de transmissão do VIH da mãe para o filho, onde apenas 34% das mulheres grávidas, que vivem com o vírus, recebe terapia com antirretrovirais para não contaminar o bebé.
Ana Dias Lourenço indicou também, segundo dados do Ministério da Saúde, que em Angola existem 650 unidades sanitárias que oferecem o programa de prevenção da transmissão vertical, contudo, em 2017 apenas 40% das grávidas fez a primeira consulta pré-natal durante o primeiro trimestre de gravidez e 18% não fez qualquer consulta pré-natal, como aponta o Inquérito dos Indicadores Múltiplos de Saúde do Instituto Nacional de Estatística.
Segundo a primeira-dama de Angola, 70% das mulheres declarou ter enfrentado problemas de acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente, problemas financeiros (63%), distância do centro de saúde (51,8%) e necessidade de autorização para ir à consulta (30,5%).
Relativamente ao tratamento pediátrico, estima-se que apenas 14% das crianças dos zero aos 14 anos que vivem com o VIH está em tratamento com antirretrovirais.
O estigma, a discriminação, a não-aceitação e a falta de conhecimento ou de informação sobre a doença, são ainda desafios que se enfrentam no combate a esta endemia.
"As estatísticas e os factos acima mencionados preocupam-nos, assim, a campanha "Nascer Livre para Brilhar" pretende reduzir a taxa de transmissão do VIH de mãe para o filho, de 26%, em 2019, para 14%, em 2021, aumentar a utilização do preservativo pelos jovens dos 15-24 anos e melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos até 2021", disse Ana Dias Lourenço.
De acordo com a primeira-dama angolana, é obrigação das pessoas envolvidas no plano consciencializar a população e as famílias, em particular as mulheres em idade fértil, grávidas, adolescentes e jovens, sobre "o que pode ser feito para prevenir a transmissão do VIH da mãe para o filho.
"Vamos abordar o estigma e discriminação relacionados ao VIH, nas escolas, igrejas e na comunidade", disse Ana Dias Lourenço, lembrando que esses males fazem com que muitas grávidas vivendo com o VIH não beneficiem dos serviços de saúde disponíveis.
Ana Dias Lourenço pediu a colaboração das organizações da sociedade civil, dos líderes religiosos, das autoridades tradicionais, entre ouros, na execução do Plano Operacional de Prevenção da Transmissão do VIH de Mãe para o Filho 2019-2021.
Na apresentação do referido plano, a diretora do Instituto Nacional de Luta contra a sida, Lúcia Furtado, recordou que a prevalência nacional de VIH é de 2%, contudo, as províncias de fronteira apresentam uma prevalência até três vezes mais do que a média nacional, como é o caso do Cunene (6%).
Segundo Lúcia furtado, as mulheres têm uma prevalência de 2,1% e os homens uma prevalência de 1,2%.
"Em Angola estima-se que 300 mil pessoas vivam com o VIH, destas 190 mil são mulheres e destas 21 mil estima-se que sejam gestantes seropositivas e 120 mil são crianças dos zero aos 14 anos", disse a responsável.
Sobre novas infeções em crianças, a diretora indicou que as estimativas apontam para 5.500 que nascem já contaminadas.
Lúcia Furtado referiu que apenas 54% das pessoas que iniciam o tratamento com antirretrovirais dão continuidade até um ano, enquanto os restantes abandonam o tratamento por vários motivos.