Zeferino Zeca Martins que falava no domingo, durante a missa do arranque da Semana Santa, afirmou que, "frequentemente, não há solidariedade efetiva entre os angolanos", adiantando que se vê no país uma "sede insaciável do lucro e da ganância".
"Uma ganância que só passa em ter coisas para poder consumir, uma escandalosa ostentação que é afronta aos pobres que passam fome e aos que ainda morrem por causa da forme, por causa da seca, desprovidos de assistência médica, de alimentação", disse.
O fenómeno da seca em Angola, já assumido como "preocupação" pelo Presidente angolano, João Lourenço, afeta as províncias angolanas do sul do país, nomeadamente Cunene, Cuando-Cubango, a região dos Gambos, na Huíla e alguns municípios da província do Namibe.
Em fevereiro, a província do Cunene decretou estado de "calamidade" devido à seca, que afeta, desde finais de 2017, mais de 285.000 famílias, defendendo "estratégias absolutas" para mitigar o fenómeno e "mais apoios" do Governo central.
"Estamos a falar de um total de 285.000 famílias afetadas em toda a província. Continuamos a somar porque, enquanto não chove, os números têm tendência para aumentar. A província atravessa um dos piores momentos de seca", disse na ocasião o vice-governador daquela província, Édio Gentil José.
Já em março, o governador do Cunene, sul de Angola, Virgílio Tchova, fez saber que pelo menos 12.000 cabeças de gado morreram, nos últimos meses, devido a seca que assola a localidade.
Para Zeferino Zeca Martins, que pede maior solidariedade para com os mais pobres e pessoas afetadas pela seca, observa-se igualmente em Angola uma "notória degradação dos valores morais".
"Estes sintomas, preocupantes, revelam a aridez de uma vida que precisa de ser irrigada, clamam por uma formação de consciência alicerçada nos valores do evangelho e em normas ética de conduta livremente assumidas por cada um de nós", concluiu.