Segundo a polícia, seis pessoas que integravam um grupo de 300 elementos ligados ao Movimento do Protetorado Lunda Tchokwe foram mortas na sequência de um alegado “ato de rebelião” quando tentavam invadir uma esquadra, em Cafunfo.
Num comunicado divulgado através da rede social Facebook, o Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe recusa a epíteto de “rebelião armada” e condena “o ato bárbaro perpetrado por agentes das forças de defesa e segurança, contra populações indefesas” na manifestação de sábado.
Uma manifestação que, segundo o movimento, procurava apenas exprimir a vontade dos participantes em ver “os problemas das suas comunidades resolvidos e lamentar a falta de humanismo, que deveria caracterizar os agentes da autoridade do Estado”.
Neste comunicado, o movimento conta que, na terça-feira passada, recebeu uma denúncia sobre “o plano das autoridades competentes de inviabilizar a manifestação do dia 30”.
Esse alegado plano incluiria, segundo o comunicado, “preparar catanas e machados, rasgar a bandeira da República e arranjar notas de Kwanza falsas, com camisolas do Movimento em posse da Polícia do Cuango, que havia extraído em 2015, para aqueles que forem detidos serem acusados como provas do crime na manifestação”.
Terá sido criado, segundo se lê na nota, “mais um grupo de manifestantes afetos à JMPLA e outros meliantes”, os quais terão sido pagos para “criar vandalismo” a ser imputado aos ativistas do protetorado português da Lunda Tchokwe detidos no dia da manifestação.
O Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe exorta a comunidade nacional e internacional a levar em conta “o problema dos assassinados de Cafunfo” que “são de longa data, protagonizados na sua maior parte pelos agentes da ordem e pelos agentes de seguranças de empresas mineiras”.
O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.
A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste angolano), rica em diamantes, é reivindicada por um movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.
Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.