O comunicado da Direção-Geral da Sociedade Mineira de Catcoca surge após a República Democrática do Congo (RDCongo) divulgar que 12 pessoas morreram desde julho devido à contaminação dos rios Kasai e Tshikapa, no seguimento do derramamento de líquidos provenientes de minas em Angola.
Segundo a sociedade mineira angolana "está descartada a presença de metais pesados na água dos rios afetados pelo vazamento de `polpa da bacia de rejeitados´, em consequência do incidente registado no seu sistema de `drenagem de rejeitados´, mais concretamente uma rutura na conduta que funciona como `vertedor´".
Tal ocorrência - admite a sociedade mineira - terá causado "um vazamento no rio Lova e adjacente", mas "a rutura está completamente estancada e assiste-se nesse momento ao processo de reposição natural da cadeia dos rios afetados".
A `bacia de rejeitados´, adianta a empresa, "contém apenas misturas de rochas naturais, como areia e argila, e a composição da matéria corresponde aproximadamente aos fluxos de lama na estação chuvosa e não contém componentes químicos externos, o que nos permite afirmar que tal situação não representa risco de vida para as populações afetadas".
Segundo a sociedade mineira, quando se registou a ocorrência uma equipa de empresa "agiu imediatamente para estancar a rutura e, até final de julho o processo ficou normalizado".
Nesta altura - alega a Sociedade Mineira de Catoca - o principal objetivo foi "minimizar o impacto deste acidente, ajudando as comunidades locais e trabalhando em cooperação com especialistas de diferentes instituições públicas e privadas para prevenir quaisquer futuros acidentes".
Segundo a mineira, agora decorrem os trabalhos para a realização de uma auditoria independente às estruturas hidráulicas e outras instalações de produção com o envolvimento de especialistas internacionais para identificar e eliminar o risco de acidentes semelhantes no futuro, uma ação recomendada pela Comissão Multissectorial que acompanha a realização do trabalho.
Situada no nordeste de Angola, a mina de diamantes de Catoca está nas mãos de um consórcio internacional de companhias mineiras, chamado Sociedade Mineira de Catoca, que inclui a estatal Endiama, a chinesa Lev Leviev International e a russa Alrosa.
O consórcio é responsável pela extração de mais de três quartos dos diamantes em Angola, segundo a Efe. Hoje em Kinshasa, a República Democrática do Congo (RDCongo) revelou que 12 pessoas morreram desde julho devido à contaminação dos rios Kasai e Tshikapa, após derramamento de líquidos provenientes de minas em Angola.
"Este é o número que temos até agora; 12 pessoas morreram por causa da contaminação destes rios, que já não podem ser usados até serem desinfetados", disse o porta-voz do Ministério do Ambiente da RDCongo, Michel Koyakpa, à agência espanhola de notícias, Efe.
"Os pescadores estão parados e muitos peixes e outras espécies morreram, sem contar com outros perigos para o ecossistema", acrescentou o porta-voz.
O Governo congolês, que diz que o culpado dos derrames são as companhias internacionais que operam a mina angolana de Catoca, a quarta maior do mundo na produção de diamantes, pede ao país e às empresas uma compensação pelos danos.
"Depois do trabalho árduo efetuado, o Governo da República irmã de Angola e a sociedade mineira Catoca reconheceram a sua responsabilidade neste drama, pelo qual exigimos uma indemnização", disse o porta-voz.
Em conferência de imprensa, a ministra do Ambiente da RDCongo, Eve Bazaiba, expressou também indignação pelo sucedido e sublinhou que o próprio Governo angolano e a empresa haviam reconhecido a sua responsabilidade pela contaminação dos rios.
A contaminação dos rios começou a notar-se desde julho e, além das mortes, causou diarreia aos habitantes de toda a região servida pelos rios.