Durante um encontro de organizações juvenis de partidos na oposição e da sociedade civil de Angola com jornalistas sobre o Estado da Nação, hoje em Luanda, Feliciano Lourenço, membro da denominada sociedade civil contestatária, deplorou as “promessas não cumpridas” pelo atual Presidente angolano, João Lourenço, nomeadamente a “criação de 500 mil empregos para os jovens, transformação da província de Benguela em Califórnia e outros”.
Segundo o jovem, o incumprimento das referidas promessas torna a atual governação medíocre: "Porque quando se governa, governa-se com o povo e para o povo e o Governo deve procurar criar políticas para o povo resolver os seus problemas”.
“Infelizmente, não é isso que se vê na governação de João Lourenço, por isso é que é uma governação medíocre”, atirou Feliciano Lourenço.
A Juventude Unida e Revolucionária de Angola (JURA), braço juvenil da UNITA, maior partido na oposição angolana, a Juventude Patriótica de Angola (JPA), organização da coligação CASA-CE, a Juventude do Partido de Renovação Social, a Juventude da Frente Nacional de Libertação de Angola (JFNLA), o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), o Movimento Hip-Hop Terceira Divisão, o Projeto Agir e a Plataforma Cazenga em Ação (Placa) foram alguns dos promotores do encontro.
Agostinho Kamuango, secretário-geral da JURA, organização juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), acusou, na sua intervenção, o Presidente angolano de ter “assaltado o poder judicial” e criticou o que chama de “sequestro da imprensa pública”.
“O assalto ao poder judicial pelo senhor Presidente da República, o Presidente da República chamou para si todos os poderes de soberania, inclusive manda nos tribunais. Sabemos que o regime quer desesperadamente continuar no poder (…). Também há que manifestar a nossa preocupação pelo sequestro da imprensa pública”, afirmou o líder da JURA.
A situação de “indigência” em que afirmaram viver milhares de cidadãos no interior de vários municípios angolanos foi apresentada com preocupação pelo coordenador da Placa, Kambolo Tiaka-Tiaka, referindo que o “cenário dramático” tem marcas visíveis mesmo em Luanda.
O representante deu um exemplo: “No Cazenga, um dos maiores municípios de Luanda e de Angola, parou no tempo e no espaço, a indigência é visível, há pessoas que sobrevivem e não vivem”, lamentou.
“Governar é dar melhores condições aos munícipes, um município que recebe 23 milhões de kwanzas [38 mil euros, subsídio mensal] para o combate à pobreza, mas a pobreza continua agudizada, um município que está esquecido e que só será recordado no início do processo eleitoral”, assinalou.
A “degradação” do Estado democrático e de direito, a “censura” nos órgãos públicos de informação, a fome, o desemprego e a pobreza foram alguns dos temas abordados pelas organizações juvenis angolanas neste encontro.