A equipa do jornal OPAÍS esteve no local ao cair da tarde e pôde constatar um movimento intenso nos arredores dos edifícios ministeriais onde se localiza o INAGBE. Era visível uma verdadeira moldura humana composta por candidatos, encarregados de educação e outros que apenas descansavam após a entrega dos documentos.
Entre os mais de cinco mil candidatos, encontra-se Américo Alberto, que aguardava serenamente o momento da entrega. Ele contou que já tinha quase toda a documentação preparada antes do anúncio oficial da bolsa, excepto uma declaração com as notas do II ciclo, exigida como complemento ao certificado do ensino médio técnico, por não apresentar classificações por classe.
“Só soube na segunda-feira que precisava dessa declaração. Na terça-feira, fui ao Instituto Técnico de Saúde de Luanda, onde estudei, e pedi que me entregassem no mesmo dia. Fiquei lá das sete da manhã até às 17h”, relatou Américo.
Depois de passar ainda pela Direção Provincial da Educação e por diversos ministérios para autenticar os documentos, foi informado que tais reconhecimentos não eram necessários. Apesar disso, com tudo já pronto, decidiu concluir o processo.
"Entreguei os documentos por volta das 16 horas. Agora estou aliviado. E a segunda vez que concorro, по апо passado não fui pré-selecionado", afirmou.
Outro caso comovente é o de Tânia Francisca Antônio, que, emocionada, relatou as dificuldades enfrentadas para reunir a documentação exigida. Segundo ela, só soube da necessidade de reconhecimento das declarações após o início das “candidaturas, o que dificultou o processo, especialmente por vir de uma família com dificuldades financeiras.
"A minha mãe está doente e o meu pai já faleceu. Tive que tratar tudo sozinha e recorrer a empréstimos para pagar os custos dos documentos", disse.
Os prazos apertados-apenas quatro dias úteis, entre sexta-feira e quarta-feira-também foram motivo de queixas. Muitos candidatos enfrentaram longas fila sem repartições públicas e tiveram de lidar com burocracias em instituições como o Ministério da Educação, o MIREX e o Consulado de Portugal.
Uma encarregada de educação que acompanhava o filho destacou as dificuldades no reconhecimento de certificados e na obtenção do atestado de residência, que em algumas administrações leva até duas semanas para ser emitido.
"Felizmente, algumas administrações foram sensíveis à situação e entregaram no mesmo dia", contou. "Apesar da burocracia e da espera, conseguimos entregar os documentos. O meu filho está a concorrer a uma bolsa em Engenharia Electrónica."
Apesar das dificuldades relatadas por muitos candidatos, a maioria reconheceu a dedicação dos técnicos do INAGBE, que trabalharam até ao início da noite para garantir que todos fossem atendidos.