O recomendado é ingerir mais de 20% das calorias diárias no desjejum, mas a estimativa é de que entre 20% e 30% dos adultos não se alimentam assim que acordam
As mães estão certas: pular o café da manhã faz mal à saúde. Um estudo publicado na revista do Colégio Americano de Cardiologia mostra que esse hábito está associado a um risco aumentado de aterosclerose, condição caracterizada pelo endurecimento e estreitamento das artérias devido ao acúmulo de placas gordurosas. Enquanto estudos anteriores já haviam associado a falta do desjejum a doenças coronarianas, esse é o primeiro a avaliar a associação específica da refeição com a aterosclerose subclínica, quando não há sinais evidentes do problema.
“As pessoas que ignoram o café da manhã regularmente provavelmente têm um estilo de vida pouco saudável”, explicou Valentin Fuster, um dos autores do artigo e editor da revista científica em que o trabalho foi publicado. “O estudo fornece evidências de que esse é um mau hábito que as pessoas devem mudar para reduzir o risco de doença cardíaca”, alertou.
A pesquisa foi conduzida em Madri e incluiu homens e mulheres saudáveis, sem doença cardiovascular ou renal crônica. Um questionário informatizado foi utilizado para estimar a dieta dos participantes, e os hábitos em relação ao café da manhã basearam-se na porcentagem do consumo de energia do total diário. Os médicos identificaram três grupos: aqueles que ingerem menos de 5% das calorias do dia no café da manhã, os que consomem mais de 20% da energia nessa refeição e os que ingerem entre 5% e 20%.
Dos 4.052 participantes — homens e mulheres com idade entre 40 e 54 anos —, 2,9% pulavam o café da manhã; 69,4% ingeriam poucas energias nessa refeição e 27,7% estavam dentro do adequado, consumir mais de 20% das calorias diárias no desjejum. Exames de imagem mostraram que a aterosclerose era mais comum entre os participantes do primeiro e do segundo grupos, comparados aos que faziam o desjejum como o recomendado. Nesses, 57% dos participantes mostraram algum tipo de aterosclerose subclínica. No primeiro, em que não era feito o desjejum, a incidência subiu para 75%.
Além disso, marcadores de risco cardiometabólico foram mais prevalentes naqueles que pulavam café e nos que comiam pouco no início da manhã. Essas pessoas também tinham maior circunferência abdominal e índice de massa corporal, mais pressão arterial elevada, lipídios no sangue e níveis de glicemia em jejum.