Apoiantes tradicionais do regime desde que o país acedeu á independência, em 1980, os militares lançaram na noite de 14 para 15 de novembro uma operação nas ruas de Hahare para denunciar o afastamento, semanas antes, do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, ordenado por Mugabe.
Colocado sob residência vigiada, Mugabe, 93 anos, acabaria por apresentar a demissão uma semana mais tarde depois de muito pressionado pela União Nacional Africana do Zimbabué -- Frente Patriótica (ZANU-PF), partido-Estado que liderou desde 1987.
"As forças de defesa e de segurança decretam o fim da operação «Restaurar a Legalidade»", anunciou o comandante do exército zimbabueano, general Phillip Valerio Sibanda.
"A normalidade reina novamente em todo o país. Queremos agradecer a todos os zimbabueanos pelo apoio manifestado, pela paciência e compreensão durante as cinco semanas da operação", acrescentou Sibanda, ao ler um comunicado numa conferência de imprensa.
A saída dos militares das casernas visou impedir que a "primeira-dama" Grace Mugabe sucedesse ao marido, uma vez que Robert Mugabe afastara Mnangagwa das funções de vice-Presidente, abrindo caminho para a mulher.
Mnangagwa, que, entretanto, se refugiou na África do Sul, regressou ao Zimbabué após o "golpe de força" militar, acabando investido como Presidente interino, tendo garantido assumir a transição até às eleições gerais previstas para meados de 2018.
Para justificar a "sublevação", Sibanda lembrou a necessidade de pôr termo aos apoiantes de Grace Mugabe, considerados "descontentes e sabotadores", cuja atuação visava "roubar a paz e a tranquilidade" ao país.
Conhecido por "Crocodilo", o novo Presidente zimbabueano nomeou vários generais para o seu Governo e promoveu-os também ao "estado-maior" da ZANU-PF.
Mnangagwa, candidato assumido da ZANU-PF às eleições presidenciais, prometeu conduzir o país até à votação, criando, paralelamente, condições que decorrem de forma "livre, justa e transparente".
No entanto, Mnangagwa é contestado já pela oposição, que lembra que o novo chefe de Estado foi um dos executores da repressão política, económica e social levadas a cabo durante o regime de Mugabe.