A cerimónia de assinatura do acordo de paz, prevista para quinta-feira, em Washington, contará com as presenças dos Presidentes dos dois paises em conflito, Félix Tshisekedi, da RDCongo, e Paul Kagamé, do Ruanda, e dos Estados Unidos da América, Donald Trump, participando igualmente na cerimónia o Presidente angolano, João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da União Africana.
A violência nesta região rica em recursos naturais, na fronteira com o Ruanda, intensificou-se no final de janeiro com a tomada das grandes cidades de Goma e de Bukavu pelo M23, movimento rebelde apoiado pelo Ruanda.
O acordo celebrado em junho em Washington pelos dois países vizinhos não pôs fim às hostilidades até agora.
Desde terça-feira, os combates continuam violentos, sem grandes avanços até ao momento, em vários pontos da linha de frente na província de Kivu do Sul, onde o M23 ganha terreno há várias semanas, segundo as fontes citadas pela agência France-Presse (AFP).
Em Kaziba, localidade sob o controlo do M23, situada no planalto a cerca de trinta quilómetros a sul de Bukavu, a capital provincial do Kivu do Sul, os combates recomeçaram na madrugada de hoje, estando as pessoas "confinadas em casa", testemunhou à AFP um professor que pediu para permanecer anónimo.
"Muitas casas foram bombardeadas e há muitos mortos", disse à AFP René Chubaka Kalembire, um responsável administrativo em Kaziba.
A AFP não conseguiu determinar um balanço fiável destes confrontos junto de fontes independentes.
No entanto, várias fontes locais relataram um destacamento "massivo" de reforços do M23, acompanhados de veículos blindados, nos planaltos do Kivu do Sul. Esta região montanhosa permite contornar a planície de Ruzizi, junto à fronteira com o Burundi, para cercar a cidade de Uvira, a última grande aglomeração da província a escapar ao controlo do M23. Combates violentos também ocorrem na planicle de Ruzizi, onde os beligerantes disputam o controlo da localidade de Katogota, segundo várias fontes locais.
O M23 que nunca reconheceu oficialmente as suas ligações com Kigali e as autoridades da RDCongo acusam-se regularmente de violar o cessar-fogo que se comprometeram a respeitar em julho, no âmbito de uma mediação do Qatar, em Doha.
A cerimónia do acordo de paz, marcada para quinta feira, vai ter lugar na sede do Instituto da Paz dos Estados Unidos da América, USIP (sigla em inglês), instituição dedicada à promoção da paz e resolução dos conflitos a nivel global.
Para além do Presidente angolano, que já se encontra em Washington, estão convidados também os chefes de Estado do Burundi, do Quénia, do Togo e do Qatar, que deverão juntar-se ao momento considerado decisivo para a estabilização da região dos Grandes Lagos.
O Presidente de Angola (pais que faz fronteira com a RDCongo) mediou o conflito até 24 de março último, quando anunciou o abandono da mediação devido ao fracasso das negociações diretas da RDCongo com o grupo rebelde M23, que deveriam ter ocorrido em Luanda no mesmo dia em que foi anunciado um encontro entre Tshisekedi e Kagamé no Qatar, realizado sem o conhecimento de João Lourenço.





